.
As flores por sobre a mesa
E os longos dias de inverno
Possuem a mesma tristeza
De um frio longo e eterno.
.
Numa cadência ou ritmo
Eu vejo as flores - Morrer
Por sobre o eixo marítimo
Cansado de mim... e chover.
.
E por sobre a mesa só resta
um pouco, creio, de mim:
Olhar que vê pela fresta
Para não ver nada enfim.
.
F.T.O
terça-feira, 22 de março de 2011
(PRECE ANTIGA) 25/10/2009
I
.
Eu bebo o sangue da uva
Eu bebo o ceu de carmim
Pois o que sou coadjuva
Com o que não tenho em mim
.
Eu sinto em mim o intervalo
Alguém correndo na brisa
Em uma canção de orvalho
Pela manhã imprecisa.
.
Não posso ouvir a cantiga
Que tem o sopro do vento
Em uma prece antiga
Que vive em cada momento.
.
II
.
O teu silêncio tem o cheiro
Que tem o ar do amanhecer
Que a gente sente por inteiro
Porém, jamais, o pode ver.
.
Pois tem segredos combinados
intercalados numa voz
De quando foram segredados
Porque falavam sobre nós.
.
Eu posso crer que justifique
Porém não sei se saberei
Ver a fragrância que ainda fique
Em tudo aquilo que falei.
.
Oliveira.F.T
.
Eu bebo o sangue da uva
Eu bebo o ceu de carmim
Pois o que sou coadjuva
Com o que não tenho em mim
.
Eu sinto em mim o intervalo
Alguém correndo na brisa
Em uma canção de orvalho
Pela manhã imprecisa.
.
Não posso ouvir a cantiga
Que tem o sopro do vento
Em uma prece antiga
Que vive em cada momento.
.
II
.
O teu silêncio tem o cheiro
Que tem o ar do amanhecer
Que a gente sente por inteiro
Porém, jamais, o pode ver.
.
Pois tem segredos combinados
intercalados numa voz
De quando foram segredados
Porque falavam sobre nós.
.
Eu posso crer que justifique
Porém não sei se saberei
Ver a fragrância que ainda fique
Em tudo aquilo que falei.
.
Oliveira.F.T
26/10/2009 (EM CADA DIA QUE AMANHECE)
.
E a minha noite se fez dia
de uma noite anterior
Por uma estranha alegoria:
A cor do sol em uma flor
.
Não encontrei a minha estrada
Na brisa leve da canção
Só uma voz desafinada
E a dor exausta do verão.
.
Como são vagas estas horas
Do por do sol que reaparece
No halo fino das auroras
Em cada dia que amanhece
.
F.T.O
E a minha noite se fez dia
de uma noite anterior
Por uma estranha alegoria:
A cor do sol em uma flor
.
Não encontrei a minha estrada
Na brisa leve da canção
Só uma voz desafinada
E a dor exausta do verão.
.
Como são vagas estas horas
Do por do sol que reaparece
No halo fino das auroras
Em cada dia que amanhece
.
F.T.O
27/10/2009 (DEDICATÓRIA BREVE)
.
Sinto em mim deflagrada
Uma existencia irreal
De vida inteira roubada
Por qualquer coisa igual.
.
Então eu me vejo naquele
Que um dia planejou
Em minha existência a dele
Não a ausência que sou.
.
Assim inteiro eu me penso
E cuja metade mantém
Um analogismo pretenso
De eu sentir-me este alguem.
.
F.T.O
Sinto em mim deflagrada
Uma existencia irreal
De vida inteira roubada
Por qualquer coisa igual.
.
Então eu me vejo naquele
Que um dia planejou
Em minha existência a dele
Não a ausência que sou.
.
Assim inteiro eu me penso
E cuja metade mantém
Um analogismo pretenso
De eu sentir-me este alguem.
.
F.T.O
28/10/2009 (UM VENTO LEVE, DE PALHA)
.
Há uma sombra espalhada
No fim do dia cinzento
E que só é demonstrada
Por não haver movimento.
.
É só uma sombra secreta
De um algo inexistente
Por isso só se projeta
Na tarde que há na gente.
.
Mas quando na noite avança
Um vento leve, de palha
Outro sentido ela alcança
E o segredo se espalha.
.
F.T.O
Há uma sombra espalhada
No fim do dia cinzento
E que só é demonstrada
Por não haver movimento.
.
É só uma sombra secreta
De um algo inexistente
Por isso só se projeta
Na tarde que há na gente.
.
Mas quando na noite avança
Um vento leve, de palha
Outro sentido ela alcança
E o segredo se espalha.
.
F.T.O
29/10/2009 (PARÊNTESIS)
.
Em cada palavra simples digo
O que a minha alma contém
Mas raramente eu consigo
Compreendê-la assim tão bem.
.
E nesse estranho não saber
O que escrevo é sem sentir
Com a ilusão de que ao ler
Alguém irá me definir.
.
Porque nos outros é que estão
Todas as réplicas de nós
A interminável multidão
Que nos faz crer que estamos sós.
.
F.T.O
Em cada palavra simples digo
O que a minha alma contém
Mas raramente eu consigo
Compreendê-la assim tão bem.
.
E nesse estranho não saber
O que escrevo é sem sentir
Com a ilusão de que ao ler
Alguém irá me definir.
.
Porque nos outros é que estão
Todas as réplicas de nós
A interminável multidão
Que nos faz crer que estamos sós.
.
F.T.O
30/10/2009 (SEGREDOS NO JARDIM)
.
...E a primavera descerra
Seus segredos pelo jardim;
O prado tingido de serra,
E a serra tingida de mim.
.
Meus olhos trêmulos buscam
Agarrar um pouco disto
Mas as cores se ofuscam
Numa mescla, em um misto.
Em um misto, um mistério
Um eterno vendaval
Onde tudo é menos sério
Nem eu mesmo sou real.
.
F.T.O
...E a primavera descerra
Seus segredos pelo jardim;
O prado tingido de serra,
E a serra tingida de mim.
.
Meus olhos trêmulos buscam
Agarrar um pouco disto
Mas as cores se ofuscam
Numa mescla, em um misto.
Em um misto, um mistério
Um eterno vendaval
Onde tudo é menos sério
Nem eu mesmo sou real.
.
F.T.O
31/10/2009 (RE) ENSAIADO
.
Eu não escrevo pra quem lê
E nem o faço para mim...
Escrevo aos olhos de quem vê,
E todo mundo lê-me assim.
.
A coisa escrita tem um som
Muito difícl de ensaiar
É um requebrado a meio tom
E o não saber pronunciar.
.
Assim escrevo a minha dança
O meu ballet caligrafia
Sou o sentido que ele alcança
Em minha dança poesia.
.
F.T.O
Eu não escrevo pra quem lê
E nem o faço para mim...
Escrevo aos olhos de quem vê,
E todo mundo lê-me assim.
.
A coisa escrita tem um som
Muito difícl de ensaiar
É um requebrado a meio tom
E o não saber pronunciar.
.
Assim escrevo a minha dança
O meu ballet caligrafia
Sou o sentido que ele alcança
Em minha dança poesia.
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F.T.O
01/11/2009 (A HORA PERDIDA)
.
A hora perdida é uma seta,
Um corpo denso que restringe
Na mão esguia que a projeta
O mesmo alvo que ela atinge.
.
A hora perdida é a ponte rasa,
É a travessia que excede
Ao corredor dentro da casa
E a cuja entrada ele impede.
.
A hora perdida é o desalento
Das folhas velhas; temporal
Cujo pincel é a mão do vento
Que a tudo pinta tao igual.
.
F.T.O
A hora perdida é uma seta,
Um corpo denso que restringe
Na mão esguia que a projeta
O mesmo alvo que ela atinge.
.
A hora perdida é a ponte rasa,
É a travessia que excede
Ao corredor dentro da casa
E a cuja entrada ele impede.
.
A hora perdida é o desalento
Das folhas velhas; temporal
Cujo pincel é a mão do vento
Que a tudo pinta tao igual.
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F.T.O
02/11/2009 (RESUMINDO)
.
A pele é um corpo tecido
Aos sentidos, que se reveste
Deste trapo umedecido
Que me coube como veste.
.
Ao sentir-me eu não sei
Do despir que me revele
Desta roupa que eu criei
Pra servir-me como pele.
.
Sou a água sem fervura
Um retalho que não serve
Pois resiste à costura
Evapora, mas não ferve.
.
F.T.O
A pele é um corpo tecido
Aos sentidos, que se reveste
Deste trapo umedecido
Que me coube como veste.
.
Ao sentir-me eu não sei
Do despir que me revele
Desta roupa que eu criei
Pra servir-me como pele.
.
Sou a água sem fervura
Um retalho que não serve
Pois resiste à costura
Evapora, mas não ferve.
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F.T.O
03/11/2009 (NO SILÊNCIO QUE ME DESPERTA)
.
No silêncio que me desperta
Já não existe a quietude
Somente o olhar que desconcerta
Olhando tudo e amiúde.
.
A tudo olha e atentamente
Como alguém que determina
No que é visto realmente
Quando a visão se aproxima.
.
E as consoantes do que vejo
Se entrepõe à solidez
Porque refletem um desejo
Que é desejar a quem as fez.
.
F.T.O
No silêncio que me desperta
Já não existe a quietude
Somente o olhar que desconcerta
Olhando tudo e amiúde.
.
A tudo olha e atentamente
Como alguém que determina
No que é visto realmente
Quando a visão se aproxima.
.
E as consoantes do que vejo
Se entrepõe à solidez
Porque refletem um desejo
Que é desejar a quem as fez.
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F.T.O
04/11/2009 (O INEXPRIMÍVEL)
.
E o inexprimível há de ser
Alguma coisa complicada
Porque resiste sem dizer
E se revela ao dizer nada.
.
Há de ser algo que se explica
Pela razão em que contém
O olhar sutil que o modifica
E não se altera ou se mantém.
.
Definitivamente, estou certo,
Ele é tão só a alternativa
Que se esconde a descoberto
E só é visto quando esquiva.
.
F.T.O
E o inexprimível há de ser
Alguma coisa complicada
Porque resiste sem dizer
E se revela ao dizer nada.
.
Há de ser algo que se explica
Pela razão em que contém
O olhar sutil que o modifica
E não se altera ou se mantém.
.
Definitivamente, estou certo,
Ele é tão só a alternativa
Que se esconde a descoberto
E só é visto quando esquiva.
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F.T.O
05/11/2009 (SUBSTRATO)
.
Eu nada busco, a intermitência
De nada ter a que buscar
Gera em mim certa freqüência
De estar aqui, noutro lugar.
.
É um substrato indissoluto
Uma equação não resolvida
No sentimento, quase mútuo
Da resultante em mim perdida.
.
Pois não me caibo na extensão
Que o meu corpo produziu
Da indeclinável sedução
Que a si mesmo o reduziu.
.
F.T.O
Eu nada busco, a intermitência
De nada ter a que buscar
Gera em mim certa freqüência
De estar aqui, noutro lugar.
.
É um substrato indissoluto
Uma equação não resolvida
No sentimento, quase mútuo
Da resultante em mim perdida.
.
Pois não me caibo na extensão
Que o meu corpo produziu
Da indeclinável sedução
Que a si mesmo o reduziu.
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F.T.O
06/11/2009 (REFERÊNCIA)
.
O que sinto em mim é denso
Feito chuva quando molha
Faz-me crer no que não penso
E me ver em quem me olha.
.
Faz-me crer que eu existo
Como a chova lá de fora
E, por não sê-la eu sei disto,
Mas de mim que sei agora.
.
E como a tarde tão molhada
Entre sombras e estilhaços
Eu recolho estilhaçada
Toda vida em meus braços
.
F.T.O
O que sinto em mim é denso
Feito chuva quando molha
Faz-me crer no que não penso
E me ver em quem me olha.
.
Faz-me crer que eu existo
Como a chova lá de fora
E, por não sê-la eu sei disto,
Mas de mim que sei agora.
.
E como a tarde tão molhada
Entre sombras e estilhaços
Eu recolho estilhaçada
Toda vida em meus braços
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F.T.O
07/11/2009 (MISTÉRIOS DE MARFIM)
.
A noite erguida em vergalhões
Lembra um país imaginário
Todo trancado em paredões;
Um mundo negro, solitário.
.
Lembra clamores de uma queixa
Num grito vil, desolador
E um horizonte que não deixa
A gente ver o sol se por.
.
A noite lembra tanto enfim
E sob o céu vermelho-rubro
Penso em mistérios de marfim
Que está em mim e não descubro.
.
F.T.O
A noite erguida em vergalhões
Lembra um país imaginário
Todo trancado em paredões;
Um mundo negro, solitário.
.
Lembra clamores de uma queixa
Num grito vil, desolador
E um horizonte que não deixa
A gente ver o sol se por.
.
A noite lembra tanto enfim
E sob o céu vermelho-rubro
Penso em mistérios de marfim
Que está em mim e não descubro.
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F.T.O
08/11/2009 (MEU FAZ DE CONTA)
.
Num faz de contas eu anoto
Minha intenção de reencontrar
O que eu fui em alguma foto,
E que relutei por não tirar.
.
Esta é uma linha transparente
O faz de conta é um meteoro
Recria a foto que há na gente
E a faz surgir em cada poro.
.
Meu faz de conta é só um conto
É só uma idéia mas, contudo,
Transforma a vida em mero ponto
E faz o nada virar tudo.
.
F.T.O
Num faz de contas eu anoto
Minha intenção de reencontrar
O que eu fui em alguma foto,
E que relutei por não tirar.
.
Esta é uma linha transparente
O faz de conta é um meteoro
Recria a foto que há na gente
E a faz surgir em cada poro.
.
Meu faz de conta é só um conto
É só uma idéia mas, contudo,
Transforma a vida em mero ponto
E faz o nada virar tudo.
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F.T.O
segunda-feira, 21 de março de 2011
09/11/2009 (OS IDOS DE INVERNO)
segunda-feira, 21 de março de 2011
.
O entardecer evita as cores
Evita o brilho, luz, calor
Evita o sol e os seus pintores,
Somente o frio é a sua cor.
.
Lembro de ti e as avenidas
Trazem lembranças tão amargas
Horas distantes, coloridas
Em avenidas longas, largas.
.
Penso: amanhã é outro dia
Então talvez me satisfaça
A sensação da alegria
De ver em algo certa graça.
.
F.T.O
O entardecer evita as cores
Evita o brilho, luz, calor
Evita o sol e os seus pintores,
Somente o frio é a sua cor.
.
Lembro de ti e as avenidas
Trazem lembranças tão amargas
Horas distantes, coloridas
Em avenidas longas, largas.
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Penso: amanhã é outro dia
Então talvez me satisfaça
A sensação da alegria
De ver em algo certa graça.
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F.T.O
10/11/2009 (BREVIÁRIO DO ALVORECER) .
.
No corpo do sol resplandece
A gota de orvalho caída
Esperando que o dia viesse
Trazendo cores e vida.
.
Assim eu amei sem dizer-te
Sem que soubesses do amor
A gota de orvalho era um flerte
E tudo em ti era a cor.
.
Passei, às vezes, por louco
Da gota de orvalho nem sei
De nada eu quis, só um pouco,
Pois tudo em ti eu amei.
.
F.T.O
No corpo do sol resplandece
A gota de orvalho caída
Esperando que o dia viesse
Trazendo cores e vida.
.
Assim eu amei sem dizer-te
Sem que soubesses do amor
A gota de orvalho era um flerte
E tudo em ti era a cor.
.
Passei, às vezes, por louco
Da gota de orvalho nem sei
De nada eu quis, só um pouco,
Pois tudo em ti eu amei.
.
F.T.O
11/11/2009 (QUEM)
.
Quem não sentiu-se traído
Quando a voz engasgada
Perdendo seu próprio sentido
Pra concluir-se em nada.
.
Quem não sentiu-se incompleto
Quando uma forma corrente
Provou ser ele o objeto
E não o sujeito que a sente.
Quem não sentiu-se um engano
Quando tão vago e distante
Fora menor que o humano
E nada mais que um instante.
.
F.T.O
Quem não sentiu-se traído
Quando a voz engasgada
Perdendo seu próprio sentido
Pra concluir-se em nada.
.
Quem não sentiu-se incompleto
Quando uma forma corrente
Provou ser ele o objeto
E não o sujeito que a sente.
Quem não sentiu-se um engano
Quando tão vago e distante
Fora menor que o humano
E nada mais que um instante.
.
F.T.O
12/11/2009 (GUACHE)
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Eu obtenho, em cada traço
Que a linha configura,
A poesia que eu não faço
E que entanto mais perdura.
.
Se tiro as vírgula da frase
A sentença me contesta
Dá sentido a qualquer crase
Ou me diz as regras desta.
.
E é neste claro movimento
Que a língua denuncia
Dobra as asas, vira vento
E subtrai-me a poesia.
.
F.T.O
Eu obtenho, em cada traço
Que a linha configura,
A poesia que eu não faço
E que entanto mais perdura.
.
Se tiro as vírgula da frase
A sentença me contesta
Dá sentido a qualquer crase
Ou me diz as regras desta.
.
E é neste claro movimento
Que a língua denuncia
Dobra as asas, vira vento
E subtrai-me a poesia.
.
F.T.O
13/11/2009 ( UM GRITO DE LIBERDADE)
.
O corpo da manhã esconde,
No chão pisado da terra
Um brado que corresponde
À voz vibrante da guerra.
.
São os sonhos de liberdade
Que nascem a cada aurora
Que buscam ver na verdade
O que ela mesma ignora.
.
Falam de amor, de certeza
Falam de força e de glória
O homem é a tábua da mesa
E a tábua da mesa é história.
.
F.T.O
O corpo da manhã esconde,
No chão pisado da terra
Um brado que corresponde
À voz vibrante da guerra.
.
São os sonhos de liberdade
Que nascem a cada aurora
Que buscam ver na verdade
O que ela mesma ignora.
.
Falam de amor, de certeza
Falam de força e de glória
O homem é a tábua da mesa
E a tábua da mesa é história.
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F.T.O
14/11/2009 (AO ESQUECER-ME QUEM EU ERA)
.
Ao esquecer-me quem eu era
Fui encontrar-me todo em ti,
Em teu olhar de primavera
Mas foi assim que me perdi.
.
Eram manhãs emaranhadas,
Porque em tudo parecia
Haver histórias não contadas,
Haver silêncios, poesia.
.
E porque eu agora me prestava
A ser o sentido que insinua
E que em historias se contava
Mas que a vida perpetua.
.
F.T.O
Ao esquecer-me quem eu era
Fui encontrar-me todo em ti,
Em teu olhar de primavera
Mas foi assim que me perdi.
.
Eram manhãs emaranhadas,
Porque em tudo parecia
Haver histórias não contadas,
Haver silêncios, poesia.
.
E porque eu agora me prestava
A ser o sentido que insinua
E que em historias se contava
Mas que a vida perpetua.
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F.T.O
15/11/2009 (DA IDÉIA QUE FIZ DO AMANHECER)
.
Escrevo o dia em minha mente,
Em fragmentos tão dispersos
E então percebo de repente:
O mundo cabe nos meus versos.
.
Já houve tempo em que eu vivi
Sem ter alento, sede ou fome
E eu era tudo o que escrevi
No corpo vivo de meu nome.
.
Lembro manhãs sempre molhadas
Porque meu hábito de escrever
Fez que elas fossem disfarçadas
Da idéia que fiz do amanhecer
.
F.T.O
Escrevo o dia em minha mente,
Em fragmentos tão dispersos
E então percebo de repente:
O mundo cabe nos meus versos.
.
Já houve tempo em que eu vivi
Sem ter alento, sede ou fome
E eu era tudo o que escrevi
No corpo vivo de meu nome.
.
Lembro manhãs sempre molhadas
Porque meu hábito de escrever
Fez que elas fossem disfarçadas
Da idéia que fiz do amanhecer
.
F.T.O
16.11.2009 (HORAS VAGAS)
.
Nas horas paradas, observo
Sem pretender explicação
Porque em mim ainda conservo
As coisas que não virão.
.
Não sei porque e nem cogito
Apenas sei que elas não vem
São como sou em meu conflito
E que sou tudo que elas tem.
.
E as horas vagas mais parecem
Que tentam mesmo confundir
O que eu sou e o que conhecem
Com o que já fui sem existir.
.
F.T.O
Nas horas paradas, observo
Sem pretender explicação
Porque em mim ainda conservo
As coisas que não virão.
.
Não sei porque e nem cogito
Apenas sei que elas não vem
São como sou em meu conflito
E que sou tudo que elas tem.
.
E as horas vagas mais parecem
Que tentam mesmo confundir
O que eu sou e o que conhecem
Com o que já fui sem existir.
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F.T.O
17/11/2009 (A FALTA DE TEMPO)
.
A falta de tempo é a redoma,
Que torna a vida inconsistente,
É um corpo vivo mas em coma,
Que sobrevive em ser ausente.
.
É um transladar de lado a lado
O lado errado do aconchego,
Que se perdeu em seu translado
E se esqueceu do desapego.
.
E no transcurso do amanhã
O tempo irá em seu revés
Tornar a vida sempre vã
E de ti fará o que não és.
.
F.T.O
A falta de tempo é a redoma,
Que torna a vida inconsistente,
É um corpo vivo mas em coma,
Que sobrevive em ser ausente.
.
É um transladar de lado a lado
O lado errado do aconchego,
Que se perdeu em seu translado
E se esqueceu do desapego.
.
E no transcurso do amanhã
O tempo irá em seu revés
Tornar a vida sempre vã
E de ti fará o que não és.
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F.T.O
18.11.2009 (ÀS VEZES CHOVE OU RELAMPEJA)
.
Às vezes chove ou relampeja
Dentro da idéia que eu fiz
De ser apenas quem almeja
Jamais ser nada, nem feliz.
.
Não ter com que se proteger
Das intempéries da má sorte
Chegar a nada e só conter
O corpo magro que comporte.
.
Comporte a vida que se esvai
E onde só baste um relampejo
E a chuva esquálida que cai
No imenso nada que almejo.
.
F.T.O
Às vezes chove ou relampeja
Dentro da idéia que eu fiz
De ser apenas quem almeja
Jamais ser nada, nem feliz.
.
Não ter com que se proteger
Das intempéries da má sorte
Chegar a nada e só conter
O corpo magro que comporte.
.
Comporte a vida que se esvai
E onde só baste um relampejo
E a chuva esquálida que cai
No imenso nada que almejo.
.
F.T.O
19/11/2009 (NÃO ESTOU EXATAMENTE CERTO)
.
Não estou exatamente certo
Daquilo com que pareço
Sou quase sempre um deserto,
E às vezes me desconheço.
.
Penso que eu seja a mera
Chance de vida, perdida,
Que nada têm do que espera,
Ou nada espera da vida.
.
E é deste modo, confuso,
Que meu pensamento se tolhe
Pra ser o objeto de uso
Daquilo que ele recolhe.
.
F.T.O
Não estou exatamente certo
Daquilo com que pareço
Sou quase sempre um deserto,
E às vezes me desconheço.
.
Penso que eu seja a mera
Chance de vida, perdida,
Que nada têm do que espera,
Ou nada espera da vida.
.
E é deste modo, confuso,
Que meu pensamento se tolhe
Pra ser o objeto de uso
Daquilo que ele recolhe.
.
F.T.O
20/11/2009 (E EU ME VEJO COMO ALGUÉM)
.
E eu me vejo como alguém
Cujo arquétipo se aproxima
De alguma coisa que não tem
E que tão nele predomina.
.
É uma visão, é um sombreado
De uma frase onde eu li
Que tudo em mim foi infundado
E que afinal nem existi.
.
E assim eu vejo a envergadura
Do que não sou mas que irá
Cavar em mim a sepultura
Pra enterrar meu o corpo lá.
.
F.T.O
E eu me vejo como alguém
Cujo arquétipo se aproxima
De alguma coisa que não tem
E que tão nele predomina.
.
É uma visão, é um sombreado
De uma frase onde eu li
Que tudo em mim foi infundado
E que afinal nem existi.
.
E assim eu vejo a envergadura
Do que não sou mas que irá
Cavar em mim a sepultura
Pra enterrar meu o corpo lá.
.
F.T.O
21.11.2009 (O SILÊNCIO DAS COISAS)
.
São aves que se esqueceram
Do lugar que procuravam
Foram além e se perderam
Ou simplesmente nem voaram.
.
São só aves sem paradeiro
Que debandaram no incerto
Percorreram o mundo inteiro
Sem saber que estavam perto.
.
São só aves, apenas aves,
Porém nada é ser somente
Todas as coisas são entraves
Quando voar é simplemente.
.
F.T.O
São aves que se esqueceram
Do lugar que procuravam
Foram além e se perderam
Ou simplesmente nem voaram.
.
São só aves sem paradeiro
Que debandaram no incerto
Percorreram o mundo inteiro
Sem saber que estavam perto.
.
São só aves, apenas aves,
Porém nada é ser somente
Todas as coisas são entraves
Quando voar é simplemente.
.
F.T.O
22.11.2009 (CORRESPONDÊNCIA)
.
Escrevo uma carta para mim
Não que, de fato, eu vá ler,
Mas é que uma carta escrita assim
Fala da gente sem dizer.
.
É só um relato e não agrega
Qualquer verdade apregoada
Não tem sintaxe, não tem regra
É só uma carta e mais nada.
.
Porém se me perco na cadência
Por um detalhe que omito
É por faltar-me a transparência
De escrever-me sem tê-lo dito.
.
F.T.O
.
Escrevo uma carta para mim
Não que, de fato, eu vá ler,
Mas é que uma carta escrita assim
Fala da gente sem dizer.
.
É só um relato e não agrega
Qualquer verdade apregoada
Não tem sintaxe, não tem regra
É só uma carta e mais nada.
.
Porém se me perco na cadência
Por um detalhe que omito
É por faltar-me a transparência
De escrever-me sem tê-lo dito.
.
F.T.O
.
23.11.2009 (COSMONAUTA)
.
Finjo que sou um cosmonauta
Cruzando espaços e quimeras...
Navego os céus em noite alta
No brilho intenso das esferas
.
Invento os pontos que atinjo
Nos redemoinhos do espaço
Finjo até mesmo que não finjo
Que estou em tudo o que faço
.
Mas quando atinjo a nevoenta
Manhã sem graça, já não sei,
Se o que é fingido se inventa,
Eu devo crer que me inventei.
.
F.T.O
Finjo que sou um cosmonauta
Cruzando espaços e quimeras...
Navego os céus em noite alta
No brilho intenso das esferas
.
Invento os pontos que atinjo
Nos redemoinhos do espaço
Finjo até mesmo que não finjo
Que estou em tudo o que faço
.
Mas quando atinjo a nevoenta
Manhã sem graça, já não sei,
Se o que é fingido se inventa,
Eu devo crer que me inventei.
.
F.T.O
24.11.2009 (VELHO BARCO)
.
No velho barco ainda agoniza
A onda morta, sem ação,
De uma memória que divisa
O nunca ser a embarcação.
.
Não ser é algo agonizante,
É a resultante que abarca
A dor excessiva e conflitante
Do peso alusivo de uma marca.
.
Pois todo tempo é uma cava,
A greta aberta em um charco,
Que suja sempre quando lava
Tornando tudo um velho barco.
.
F.T.O
No velho barco ainda agoniza
A onda morta, sem ação,
De uma memória que divisa
O nunca ser a embarcação.
.
Não ser é algo agonizante,
É a resultante que abarca
A dor excessiva e conflitante
Do peso alusivo de uma marca.
.
Pois todo tempo é uma cava,
A greta aberta em um charco,
Que suja sempre quando lava
Tornando tudo um velho barco.
.
F.T.O
25.11.2009 (SONOLÊNCIA)
.
...e eu converti-me nisto tudo
Que hoje apenas é lembrado
Como o final de um filme mudo
E um livro velho em mal estado.
.
Um riso quieto e maltrapilho,
De um arlequim que segue torto
No longo estreito de um trilho
E busca ali o seu conforto.
.
E nesta estranha pequenez
Da coisa vista tão de fora
Não busco nem a insensatez
Pois até ela me ignora.
.
F.T.O
...e eu converti-me nisto tudo
Que hoje apenas é lembrado
Como o final de um filme mudo
E um livro velho em mal estado.
.
Um riso quieto e maltrapilho,
De um arlequim que segue torto
No longo estreito de um trilho
E busca ali o seu conforto.
.
E nesta estranha pequenez
Da coisa vista tão de fora
Não busco nem a insensatez
Pois até ela me ignora.
.
F.T.O
26.11.2009 (DECLARAÇÃO DO ALVORECER)
.
O meu olhar roubado ao teu
não é somente um olhar
Mas um rubor que se escondeu
Entre a manhã, aurora e mar.
.
Pois as manhãs derramam óleos
Sobre a varanda de tecidos
Da cor perdida de teus olhos
Em meus olhares escondidos.
.
É natural que eu não te veja
Apenas sinta quando vens
Que és a manhã e o sol te beija
Não tenho nada, tu o tens.
.
F.T.O
O meu olhar roubado ao teu
não é somente um olhar
Mas um rubor que se escondeu
Entre a manhã, aurora e mar.
.
Pois as manhãs derramam óleos
Sobre a varanda de tecidos
Da cor perdida de teus olhos
Em meus olhares escondidos.
.
É natural que eu não te veja
Apenas sinta quando vens
Que és a manhã e o sol te beija
Não tenho nada, tu o tens.
.
F.T.O
27/11/2009
.
A minha vida sem estética
certamente se escondeu
Numa frase tão poética
Que não é ela e nem sou eu
.
Vejo assim que se tornara
O, em mim, desconhecido
Que a frase não mascara
Nem faz menos corrompido.
.
E se foi escrita ou se não
Vejo apenas a inconstância
De ter sempre um padrão
De tão pouca importância
.
F.T.O
A minha vida sem estética
certamente se escondeu
Numa frase tão poética
Que não é ela e nem sou eu
.
Vejo assim que se tornara
O, em mim, desconhecido
Que a frase não mascara
Nem faz menos corrompido.
.
E se foi escrita ou se não
Vejo apenas a inconstância
De ter sempre um padrão
De tão pouca importância
.
F.T.O
28/11/2009
.
Há um toque de recolher
em cada boca fechada
Que tanta coisa a dizer
E cada palavra engasgada
.
Existe um sinal de alerta
Em cada beco, avenida
Em cada frase encoberta
Em cada esquina da vida
.
Existe um sino que toca
E cada mente que pensa
E o pensamento coloca
em cada lenço mordaça
.
F.T.O
Há um toque de recolher
em cada boca fechada
Que tanta coisa a dizer
E cada palavra engasgada
.
Existe um sinal de alerta
Em cada beco, avenida
Em cada frase encoberta
Em cada esquina da vida
.
Existe um sino que toca
E cada mente que pensa
E o pensamento coloca
em cada lenço mordaça
.
F.T.O
29/11/2009
.
O tempo coloca em meus lábios
palavras que eu nunca disse
Não são sermões, nem são sábios
São confissões, é tolice.
.
São coisas que eu guardei
Para dizer-te um dia
As mais puras tolices, eu sei
Mas mesmo assim eu diria.
.
Passou-se o tempo no entanto
E eu nada ousei revelar
Pois descobri que o encanto
Vem do sentir sem falar.
.
F.T.O
O tempo coloca em meus lábios
palavras que eu nunca disse
Não são sermões, nem são sábios
São confissões, é tolice.
.
São coisas que eu guardei
Para dizer-te um dia
As mais puras tolices, eu sei
Mas mesmo assim eu diria.
.
Passou-se o tempo no entanto
E eu nada ousei revelar
Pois descobri que o encanto
Vem do sentir sem falar.
.
F.T.O
30.11.2009 (INSUBORDINAÇÃO)
.
Eu vou beber a água da fonte
Que existe quando orvalha
Entre a cortina do horizonte
E a neblina que a espalha.
.
E vou beber até cansar-me
Eu seguirei na exaustão
Até quando não me alarme
Com o que todos pensarão.
.
Vou beber a água corrente
Que se extingue no regato
Até quando a experimente
Como ela o é e não de fato
.
F.T.O
Eu vou beber a água da fonte
Que existe quando orvalha
Entre a cortina do horizonte
E a neblina que a espalha.
.
E vou beber até cansar-me
Eu seguirei na exaustão
Até quando não me alarme
Com o que todos pensarão.
.
Vou beber a água corrente
Que se extingue no regato
Até quando a experimente
Como ela o é e não de fato
.
F.T.O
01/12/2009
.
É o vento raro de outras eras
Que faz a noite ser mais calma
Tornando o canto das esferas
A voz serena de minha alma.
.
Penso em ti e sinto o peso,
O leve peso de existir
Neste pavio enfim aceso
Minha vontade em te seguir.
.
Então irei aonde estás
Atravessando caos e mágoas
Te seguirei, me seguirás
No mais profundo dessas águas.
.
F.T.O
É o vento raro de outras eras
Que faz a noite ser mais calma
Tornando o canto das esferas
A voz serena de minha alma.
.
Penso em ti e sinto o peso,
O leve peso de existir
Neste pavio enfim aceso
Minha vontade em te seguir.
.
Então irei aonde estás
Atravessando caos e mágoas
Te seguirei, me seguirás
No mais profundo dessas águas.
.
F.T.O
02.12.09 (CONCERTO AO LUAR)
.
Te vi á noite entre as estrelas
Então não soube precisar
Se me perdi de então ao vê-las
Ou me esqueci por te olhar.
.
E a noite calma desatenta
Não percebeu que te esconder
Cria a razão que fundamenta
A esperança de te ver.
.
Pois há no brilho do invisível
A doce glória da conquista
Que dota ao ser mais divisível
A sensação da coisa vista.
.
F.T.O
Te vi á noite entre as estrelas
Então não soube precisar
Se me perdi de então ao vê-las
Ou me esqueci por te olhar.
.
E a noite calma desatenta
Não percebeu que te esconder
Cria a razão que fundamenta
A esperança de te ver.
.
Pois há no brilho do invisível
A doce glória da conquista
Que dota ao ser mais divisível
A sensação da coisa vista.
.
F.T.O
03.12.09 (PAS DE DEUX)
.
O teu silêncio é como a dança
Que meu silencio apenas sente
Num véu aberto que alcança
Este balé que há na gente.
.
Então seu corpo se levanta
E num movimento ritmado
Ordenadamente se agiganta
E se coloca do meu lado.
.
E assim igual ao instrumento
Retém o fino e raro toque
Do corpo esguio em movimento
Quando a dança o provoque
.
F.T.O
O teu silêncio é como a dança
Que meu silencio apenas sente
Num véu aberto que alcança
Este balé que há na gente.
.
Então seu corpo se levanta
E num movimento ritmado
Ordenadamente se agiganta
E se coloca do meu lado.
.
E assim igual ao instrumento
Retém o fino e raro toque
Do corpo esguio em movimento
Quando a dança o provoque
.
F.T.O
04.12.09 (PERENIDADE)
.
Teu rosto repousa transparente,
como pintura numa lousa...
Nada esconde apenas sente,
Então por isso só repousa.
.
E os olhos fitam no incerto
De uma forma que parece
Que o infinito está tão perto
E nada mais, tudo emudece.
.
Se a alguém coubesse definir
Tudo a dizer seria vão...
Nada é mais belo que sentir
O que não tem definição.
.
F.T.O
Teu rosto repousa transparente,
como pintura numa lousa...
Nada esconde apenas sente,
Então por isso só repousa.
.
E os olhos fitam no incerto
De uma forma que parece
Que o infinito está tão perto
E nada mais, tudo emudece.
.
Se a alguém coubesse definir
Tudo a dizer seria vão...
Nada é mais belo que sentir
O que não tem definição.
.
F.T.O
05.12.09 (SARAU)
.
Eu te desenho em minha mente,
Te redecoro a cada linha,
Porque você naturalmente
Já é tão sua quanto minha.
.
Te beijo a fronte numa valsa,
E te convido pra dançar
Teu corpo leve então realça
O meu esforço em te alcançar.
.
Te redecoro em cada ponto
Só pra te ver como tu és
E pra entender que estou pronto
Pra por meu mundo a teus pés.
.
F.T.O
Eu te desenho em minha mente,
Te redecoro a cada linha,
Porque você naturalmente
Já é tão sua quanto minha.
.
Te beijo a fronte numa valsa,
E te convido pra dançar
Teu corpo leve então realça
O meu esforço em te alcançar.
.
Te redecoro em cada ponto
Só pra te ver como tu és
E pra entender que estou pronto
Pra por meu mundo a teus pés.
.
F.T.O
06.12.09 (ESQUÁLIDO)
.
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas;
Instantes que não parecem
Freqüentar as nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver constantemente
Se esqueceu porque sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Ou que enfim desaparece,
É que vemos toda a graça
De uma coisa que acontece,
.
F.T.O
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas;
Instantes que não parecem
Freqüentar as nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver constantemente
Se esqueceu porque sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Ou que enfim desaparece,
É que vemos toda a graça
De uma coisa que acontece,
.
F.T.O
07.12.09 (ESPERA)
.
O tempo agora é de dar tempo
De não sair no vendaval,
De ser somente um passatempo,
Relva perdida no quintal.
.
O tempo agora é de ser nada,
Maçã colhida no jardim,
Buraco aberto na calçada,
De ter você perdida em mim.
.
O tempo agora é uma espera
Que cola o rosto transparente
No cume alto da cratera
Deste vulcão que há na gente.
.
F.T.O
O tempo agora é de dar tempo
De não sair no vendaval,
De ser somente um passatempo,
Relva perdida no quintal.
.
O tempo agora é de ser nada,
Maçã colhida no jardim,
Buraco aberto na calçada,
De ter você perdida em mim.
.
O tempo agora é uma espera
Que cola o rosto transparente
No cume alto da cratera
Deste vulcão que há na gente.
.
F.T.O
08.12.09 (BRUMAS)
.
Lembrei-me de ti esta manhã
E a brisa leve perfumada
Trazia aromas de hortelã
Com flores brancas na estrada
.
E a névoa densa e submersa
Tinha seu cheiro, seu sorriso
Um resto ainda da conversa
E uma canção que idealizo.
.
Assim me fiz esta lembrança
Porque senão a esqueceria
Na frase feita de uma dança
Que o teu silencio dançaria.
.
F.T.O
Lembrei-me de ti esta manhã
E a brisa leve perfumada
Trazia aromas de hortelã
Com flores brancas na estrada
.
E a névoa densa e submersa
Tinha seu cheiro, seu sorriso
Um resto ainda da conversa
E uma canção que idealizo.
.
Assim me fiz esta lembrança
Porque senão a esqueceria
Na frase feita de uma dança
Que o teu silencio dançaria.
.
F.T.O
09.12.2009 (SOLAR)
.
Hoje acordei com a certeza
De que nada vive no depois
Que o mundo inteiro é correnteza
Que desemboca entre nós dóis.
.
Que as horas vivem um segredo
Que ninguém pode revelar
E a flor que vive no rochedo
É a porta aberta para o mar.
.
Hoje acordei, e sem que eu visse
Todo o meu mundo acordou
Com a certeza que eu te disse
Um pouco disto que eu sou.
.
F.T.O
Hoje acordei com a certeza
De que nada vive no depois
Que o mundo inteiro é correnteza
Que desemboca entre nós dóis.
.
Que as horas vivem um segredo
Que ninguém pode revelar
E a flor que vive no rochedo
É a porta aberta para o mar.
.
Hoje acordei, e sem que eu visse
Todo o meu mundo acordou
Com a certeza que eu te disse
Um pouco disto que eu sou.
.
F.T.O
10.12.2009 (CLARIDADE)
.
Hoje entendi o que não vejo
A rara e dúbia intensidade
Entre o amor e o desejo
E nenhum deles na verdade.
.
O teu silencio me rodeia
E o som diáfano do dia
É um estopim que incendeia
Tudo que a vida silencia.
.
Te digo coisas mas esqueço
De te dizer principalmente
Que estás além do que mereço:
És o caminho à minha frente.
.
F.T.O
Hoje entendi o que não vejo
A rara e dúbia intensidade
Entre o amor e o desejo
E nenhum deles na verdade.
.
O teu silencio me rodeia
E o som diáfano do dia
É um estopim que incendeia
Tudo que a vida silencia.
.
Te digo coisas mas esqueço
De te dizer principalmente
Que estás além do que mereço:
És o caminho à minha frente.
.
F.T.O
11.12.2009 (LIBERDADE)
.
Tenho saudade a todo instante
como o orvalho tem da flor
É a dor confusa e tão constante,
A qual chamamos de amor.
.
Não sei porquê, às vezes queima
Em uma ardência consumida
Chama sutil que tanto teima
E incendeia a minha vida.
.
É uma torrente que derrama
E a tudo tenta consumir
Na sempre quieta e mesma chama
Que fê-la um dia existir.
.
F.T.O
Tenho saudade a todo instante
como o orvalho tem da flor
É a dor confusa e tão constante,
A qual chamamos de amor.
.
Não sei porquê, às vezes queima
Em uma ardência consumida
Chama sutil que tanto teima
E incendeia a minha vida.
.
É uma torrente que derrama
E a tudo tenta consumir
Na sempre quieta e mesma chama
Que fê-la um dia existir.
.
F.T.O
12/12/2009
.
Eu decifrei o teu mistério
Recalculei o teu sentido
Retornarei ao teu império
Porque o tive já perdido
.
Tu es o preço claro e justo
Que mostra à minha pequenez
Que toda coisa tem um custo
Tem seus segredos e porques
.
Ajuntarei a minha carta
a tua carta de alforria
Estmos livres ante a farta
Loucura insana da alegria.
.
F.T.O
Eu decifrei o teu mistério
Recalculei o teu sentido
Retornarei ao teu império
Porque o tive já perdido
.
Tu es o preço claro e justo
Que mostra à minha pequenez
Que toda coisa tem um custo
Tem seus segredos e porques
.
Ajuntarei a minha carta
a tua carta de alforria
Estmos livres ante a farta
Loucura insana da alegria.
.
F.T.O
13/12/2009
.
Estás em mim o tempo todo
Teu sono é leve a quem o perturbe...
Anjos, marfim, argila e lodo
Vozes que cantam pela urbe.
.
Estas em mim como a promessa
De um passado incalculavel
E que apenas se expressa
Porque em nós é interminavel.
.
Estás, estou... sempre estamos
Num mesmo tempo e lugar
São só lugares que passamos
Para um dia nos lembrar.
.
F.T.O
Estás em mim o tempo todo
Teu sono é leve a quem o perturbe...
Anjos, marfim, argila e lodo
Vozes que cantam pela urbe.
.
Estas em mim como a promessa
De um passado incalculavel
E que apenas se expressa
Porque em nós é interminavel.
.
Estás, estou... sempre estamos
Num mesmo tempo e lugar
São só lugares que passamos
Para um dia nos lembrar.
.
F.T.O
14/12/2009
.
A minha ausencia se predece
Da solidão que me exila
Num sentimento que me impede
De esquecer-me ao senti-la.
.
Eu penso em ti, esta distancia
Apenas sei que determina
A mais finita inconstancia
E tudo que fazéaproxima
.
Te Sinto toda, teu perfume
Terna fragancia de absinto
E minhas horas tem ciume
Por não sentir o que eu sinto
.
F.T.O
A minha ausencia se predece
Da solidão que me exila
Num sentimento que me impede
De esquecer-me ao senti-la.
.
Eu penso em ti, esta distancia
Apenas sei que determina
A mais finita inconstancia
E tudo que fazéaproxima
.
Te Sinto toda, teu perfume
Terna fragancia de absinto
E minhas horas tem ciume
Por não sentir o que eu sinto
.
F.T.O
15/12/2009
.
Se foi o dia em que eu sentia
A solidão emaranhada
A quase tudo que eu fazia
E à certeza de ser nada.
.
Os tempos voam, cada passos
parecem mesmo conspirar
Que asas surgem de meus braços
E tudo em mim querer voar
.
Mas vejo em ti meu baluarte
Tudo que vem depois da morte sorte
Pois há de i em toda parte
Seja na vida ou na morte
.
F.T.O
Se foi o dia em que eu sentia
A solidão emaranhada
A quase tudo que eu fazia
E à certeza de ser nada.
.
Os tempos voam, cada passos
parecem mesmo conspirar
Que asas surgem de meus braços
E tudo em mim querer voar
.
Mas vejo em ti meu baluarte
Tudo que vem depois da morte sorte
Pois há de i em toda parte
Seja na vida ou na morte
.
F.T.O
16/12/2009
.
Tu és em mim como o horionte
Quando o mundo perder a cor
água que escorre pela fonte
A esencia pura do sabor
.
A minha sina e a liberdade
O talismã que eu carrego
Espera incerta, a saudade
Um ponto vago, dúbio e cego.
.
A minha escrita, minha historia
não saber quem escreveu
Que somos nós esta memória
Escrita em ti e lida em mim.
.
F.T.O
Tu és em mim como o horionte
Quando o mundo perder a cor
água que escorre pela fonte
A esencia pura do sabor
.
A minha sina e a liberdade
O talismã que eu carrego
Espera incerta, a saudade
Um ponto vago, dúbio e cego.
.
A minha escrita, minha historia
não saber quem escreveu
Que somos nós esta memória
Escrita em ti e lida em mim.
.
F.T.O
17/12/2009 (VORAZ)
.
Vou encontrar teu ponto certo
vou te achar onde perdi
onde em ti fui descoberto?
onde em mim eu te esqueci?
.
Vou te buscar na densa bruma
no vendaval em movimento
Pra ver se a gente se acostuma
A não ser mais esquecimento.
.
E Vou inventar outra maneira
pra começa de onde parei
E ainda que leve a vida inteira
Vou te buscar onde deixei.
.
F.T.O
Vou encontrar teu ponto certo
vou te achar onde perdi
onde em ti fui descoberto?
onde em mim eu te esqueci?
.
Vou te buscar na densa bruma
no vendaval em movimento
Pra ver se a gente se acostuma
A não ser mais esquecimento.
.
E Vou inventar outra maneira
pra começa de onde parei
E ainda que leve a vida inteira
Vou te buscar onde deixei.
.
F.T.O
18/12/2009
.
O meu corpo chama pelo teu
Em uma porta sem saída
Que responder ao corpo meu
É tão somente dar-lhe vida.
.
É dar alento ao moribundo
É dar-lhe apenas um lugar
No palco imenso deste mundo
Onde ele vá contracenar.
.
Os corpos falam, se expressam
Se comunicam igualmente
Porém às vezes só confessam
Este furor que há na gente.
.
F.T.O
O meu corpo chama pelo teu
Em uma porta sem saída
Que responder ao corpo meu
É tão somente dar-lhe vida.
.
É dar alento ao moribundo
É dar-lhe apenas um lugar
No palco imenso deste mundo
Onde ele vá contracenar.
.
Os corpos falam, se expressam
Se comunicam igualmente
Porém às vezes só confessam
Este furor que há na gente.
.
F.T.O
19/12/2009
.
o mar é feito dos instantes
em que podaiamos lembrar afundar
porque já fomos navegantes
voce e eu, o fundo e o mar
.
Nós dois já fomos argonautas
Em meio a mares caudalosos
Pra refletir as noites altas
em precipicios perigosos
.
Fostes meu barco, minha guia
Minha certeza e minha fé
E o furacão que desafia
A descobrir o que ele é
.
F.T.O
o mar é feito dos instantes
em que podaiamos lembrar afundar
porque já fomos navegantes
voce e eu, o fundo e o mar
.
Nós dois já fomos argonautas
Em meio a mares caudalosos
Pra refletir as noites altas
em precipicios perigosos
.
Fostes meu barco, minha guia
Minha certeza e minha fé
E o furacão que desafia
A descobrir o que ele é
.
F.T.O
20/12/2009 (EQUAÇÃO)
.
Talvez a gente nem combine
E só pretenda começar
Para que um ao outro ensine
O modo certo de se amar.
.
Talvez a gente nem suporte
E só pretenda insistir
Para tornar ao outro forte
E esquecer de desistir.
.
E talvez a gente se complique
Pela mais simples equação
E cujo motivo só a explique
A voz que está no coração.
.
F.T.O
Talvez a gente nem combine
E só pretenda começar
Para que um ao outro ensine
O modo certo de se amar.
.
Talvez a gente nem suporte
E só pretenda insistir
Para tornar ao outro forte
E esquecer de desistir.
.
E talvez a gente se complique
Pela mais simples equação
E cujo motivo só a explique
A voz que está no coração.
.
F.T.O
21/12/2009 (NÃO MAIS PODIA ESQUECER)
.
A rua de pedra esconde,
Em pavimentos de brisa,
Um sem porque nem aonde
E que de nada precisa.
.
São os sussurros no ar
Que do silencio me arrasta
Ao que não sei escutar
Ou que ouvi e me basta.
.
Mas de te ouvir em nós dois
É que eu fui perceber
Que em repetidos depois
Não mais podia esquecer.
.
F.T.O
A rua de pedra esconde,
Em pavimentos de brisa,
Um sem porque nem aonde
E que de nada precisa.
.
São os sussurros no ar
Que do silencio me arrasta
Ao que não sei escutar
Ou que ouvi e me basta.
.
Mas de te ouvir em nós dois
É que eu fui perceber
Que em repetidos depois
Não mais podia esquecer.
.
F.T.O
22/12/2009 (REVELAÇÃO)
.
Não estou certo de que possa
Dizer aquilo que sinto,
A intimidade nunca é nossa,
E como a água na poça
Às portas de um labirinto.
.
Que diria do que é meu
Se pouco de meu ele tem
E o que fiz, não sendo eu,
Um outro me precedeu
Fazendo o mesmo também.
.
Assim que estranho pareça
Não me posso avaliar...
Sou quem mais me desconheça
Objeto que se esqueça
Sobre a mesa de jantar.
.
F.T.O
Não estou certo de que possa
Dizer aquilo que sinto,
A intimidade nunca é nossa,
E como a água na poça
Às portas de um labirinto.
.
Que diria do que é meu
Se pouco de meu ele tem
E o que fiz, não sendo eu,
Um outro me precedeu
Fazendo o mesmo também.
.
Assim que estranho pareça
Não me posso avaliar...
Sou quem mais me desconheça
Objeto que se esqueça
Sobre a mesa de jantar.
.
F.T.O
23/12/2009 (MEU OSTRACISMO)
.
Vou aceitar meu ostraciso
E que me chamem de ninguém,
Serei somente um mecanismo,
Um velho nome de batismo,
Uma notícia que não vem.
.
Vou aceitar meu banimento
Pra não lembrarem mais de mim
Assim serei o esquecimento
A velha estátua de cimento
Envelhecida no jardim.
.
Vou aceitar as condições
Que velhos nomes impuseram
Mesmo sabendo que as razões
Apenas são opiniões
Do veredicto que ela deram.
.
F.T.O
Vou aceitar meu ostraciso
E que me chamem de ninguém,
Serei somente um mecanismo,
Um velho nome de batismo,
Uma notícia que não vem.
.
Vou aceitar meu banimento
Pra não lembrarem mais de mim
Assim serei o esquecimento
A velha estátua de cimento
Envelhecida no jardim.
.
Vou aceitar as condições
Que velhos nomes impuseram
Mesmo sabendo que as razões
Apenas são opiniões
Do veredicto que ela deram.
.
F.T.O
24/12/2009 (O BRILHO DOS OLHOS DELA)
.
O brilho dos olhos dela,
Tem algo, não sei o que,
Que tanto esconde e revela,
Quando ela passa e me vê.
E o meu olhar insinua,
O que não posso pensar,
Do brilho que continua,
Mesmo depois de passar.
Como não sei abordá-la,
Quisera apenas supor,
Que este encontro sem fala,
É um começo de amor.
.
F.T.O
O brilho dos olhos dela,
Tem algo, não sei o que,
Que tanto esconde e revela,
Quando ela passa e me vê.
E o meu olhar insinua,
O que não posso pensar,
Do brilho que continua,
Mesmo depois de passar.
Como não sei abordá-la,
Quisera apenas supor,
Que este encontro sem fala,
É um começo de amor.
.
F.T.O
25/12/2009 (EU SOU METADE)
.
Eu sem voce sou só metade
Metade de um algo concebido
Não sou mentira nem verdade
Sou o que sou, inconcluído.
.
Sou a distância entre o véu
O ponto crítico da borda
Que rodopia em carrossel
Porém esquece o que recorda
.
Sou a urgência do que urge
Um vendaval, um torvelinho
Um grito pasmo que ressurge
Em cada palmo do caminho.
.
F.T.O
Eu sem voce sou só metade
Metade de um algo concebido
Não sou mentira nem verdade
Sou o que sou, inconcluído.
.
Sou a distância entre o véu
O ponto crítico da borda
Que rodopia em carrossel
Porém esquece o que recorda
.
Sou a urgência do que urge
Um vendaval, um torvelinho
Um grito pasmo que ressurge
Em cada palmo do caminho.
.
F.T.O
26/12/2009 (PRA GENTE CRER QUE NÃO FOI NADA)
.
Em cada onda do mar habita
Um sentimento sem razão
Que o vão da praia regurgita
Para reter sua vazão.
.
Vou sacudir meus pavimentos
E todas ondas que habitei
Irão ruir sem movimentos
Por cada grito que calei
.
E em tudo existe esta latencia
De alguma coisa propalada
No veu calado da existencia
Pra gente crer que não foi nada.
.
F.T.O
Em cada onda do mar habita
Um sentimento sem razão
Que o vão da praia regurgita
Para reter sua vazão.
.
Vou sacudir meus pavimentos
E todas ondas que habitei
Irão ruir sem movimentos
Por cada grito que calei
.
E em tudo existe esta latencia
De alguma coisa propalada
No veu calado da existencia
Pra gente crer que não foi nada.
.
F.T.O
27/12/2009 (E ASSIM SÃO OS CORAÇÕES)
.
E assim são os corações;
Tão desiguais e aparentes
Porque nas mesmas emoções
Têm reações tão diferentes
.
Em um momento desprendido,
Percebe tudo que se passa,
Porém faz coisas sem sentido
Embora crêem que não as faça.
.
E assim são, e apenas são
E isto é tudo que convence
Da gente-lo em si ou não
E não saber se nos pertence
.
F.T.O
E assim são os corações;
Tão desiguais e aparentes
Porque nas mesmas emoções
Têm reações tão diferentes
.
Em um momento desprendido,
Percebe tudo que se passa,
Porém faz coisas sem sentido
Embora crêem que não as faça.
.
E assim são, e apenas são
E isto é tudo que convence
Da gente-lo em si ou não
E não saber se nos pertence
.
F.T.O
28/12/2009 (CONFIDÊNCIA)
.
Existe em mim o que não conto
Ponto e virgulas que criei
Para fingir que estive pronto
Ou que enfim me preparei.
.
São pontos vagos ou calados
Virgulas perdidas no papel
Onde deixei mal anotados,
Fichas vendidas a granel.
.
Falar de mim é quase igual
A referir-se a coisa alguma
Não tem sentido e como tal
O nada é tudo que a resuma.
.
F.T.O
Existe em mim o que não conto
Ponto e virgulas que criei
Para fingir que estive pronto
Ou que enfim me preparei.
.
São pontos vagos ou calados
Virgulas perdidas no papel
Onde deixei mal anotados,
Fichas vendidas a granel.
.
Falar de mim é quase igual
A referir-se a coisa alguma
Não tem sentido e como tal
O nada é tudo que a resuma.
.
F.T.O
29/12/2009 (E A GENTE É MESMO DIFERENTE)
.
...e a gente é mesmo diferente
Pois em momentos desiguais,
Fazemos coisas comumente
Que outros já não fazem mais.
.
Quando percebo que me olhas
Buscando tudo em nada ver
Sinto-me um livro que desfolhas
Porque só tu o sabes ler.
.
Então daquilo que sabemos
Tão pouca coisa se contrasta
Porque nós dois apenas lemos
O livro do outro e isto basta.
.
F.T.O
...e a gente é mesmo diferente
Pois em momentos desiguais,
Fazemos coisas comumente
Que outros já não fazem mais.
.
Quando percebo que me olhas
Buscando tudo em nada ver
Sinto-me um livro que desfolhas
Porque só tu o sabes ler.
.
Então daquilo que sabemos
Tão pouca coisa se contrasta
Porque nós dois apenas lemos
O livro do outro e isto basta.
.
F.T.O
30/12/2009 (AS SOMBRAS FALAM NO ESCURO)
.
As sombras falam pelo escuro
Esta é a voz que a noite tem...
Vem de um silêncio quase puro
Pois sai da boca de ninguém.
.
É uma voz confusa e rouca
Tão absurda de se ouvir
Porque o silêncio fere a boca
Quando alguém quer repetir.
.
Escuto a noite, e ela diz
Numa frequencia quase morta
Meu verso mudo e infeliz
Jamais escrito e pouco importa.
.
F.T.O
As sombras falam pelo escuro
Esta é a voz que a noite tem...
Vem de um silêncio quase puro
Pois sai da boca de ninguém.
.
É uma voz confusa e rouca
Tão absurda de se ouvir
Porque o silêncio fere a boca
Quando alguém quer repetir.
.
Escuto a noite, e ela diz
Numa frequencia quase morta
Meu verso mudo e infeliz
Jamais escrito e pouco importa.
.
F.T.O
31/12/2009 (NUVENS CARREGADAS)
.
...e assim as nuvens carregadas
Vêm perturbar os meus sentidos
Me acordando às madrugadas
Em meio aos sonhos repetidos
.
E tudo o que vejo é simplesmente
Uma ranhura que aproxima
O que eu não vejo plenamente
Sinta na pele e o não exprima
.
E o inexprimível é como ter
Alguma coisa que equivale
Ao ter um nada pra dizer
Quando enfim tudo se cale.
.
F.T.O
...e assim as nuvens carregadas
Vêm perturbar os meus sentidos
Me acordando às madrugadas
Em meio aos sonhos repetidos
.
E tudo o que vejo é simplesmente
Uma ranhura que aproxima
O que eu não vejo plenamente
Sinta na pele e o não exprima
.
E o inexprimível é como ter
Alguma coisa que equivale
Ao ter um nada pra dizer
Quando enfim tudo se cale.
.
F.T.O
01/01/2010 (TE PROCUREI)
.
De procurar-te e sempre e tanto
A minha vontade transformou-se
Em um silencio mudo e branco
Ou algo igual que assim o fosse.
Eu te busquei em noite escura
E pelas auroras mais tardias
Que descobri que na procura
Estava o rumo aonde ias.
.
E te busquei em meio a gestos
Em mar revolto, embarcação,
Pra descobrir em ti meus restos
E encontrar em mim razão.
.
F.T.O
De procurar-te e sempre e tanto
A minha vontade transformou-se
Em um silencio mudo e branco
Ou algo igual que assim o fosse.
Eu te busquei em noite escura
E pelas auroras mais tardias
Que descobri que na procura
Estava o rumo aonde ias.
.
E te busquei em meio a gestos
Em mar revolto, embarcação,
Pra descobrir em ti meus restos
E encontrar em mim razão.
.
F.T.O
02/01/2010
.
Eu me sinto às vezes tão igual
A um deserto, a um cercado,
Ou aos mourões de um curral
Que prendem a si e não ao gado.
.
Porém não sei se realmente,
Algo de gado há em nós
Apenas sei que há na gente
Um matadouro, um algoz.
.
E isto é igual a um vasilhame
Que reterá ou não se perca
Esta couraça de arame
Que transformou-nos numa cerca
.
F.T.O
Eu me sinto às vezes tão igual
A um deserto, a um cercado,
Ou aos mourões de um curral
Que prendem a si e não ao gado.
.
Porém não sei se realmente,
Algo de gado há em nós
Apenas sei que há na gente
Um matadouro, um algoz.
.
E isto é igual a um vasilhame
Que reterá ou não se perca
Esta couraça de arame
Que transformou-nos numa cerca
.
F.T.O
03/01/2010 (A MÃO DA TARDE CINZELA)
.
E a mão da tarde cinzela
Em sua vil lucidez
A imagem que é vista por ela
Ou que por ela se fez.
.
É uma visão que se cria
Ou que apenas adorna
O que o objeto seria
E aquilo que ele se torna
.
Assim a arte se espalha
Em uma estranha estrutura
E a mão da tarde que a entalha
Faz parte da escultura.
.
F.T.O
E a mão da tarde cinzela
Em sua vil lucidez
A imagem que é vista por ela
Ou que por ela se fez.
.
É uma visão que se cria
Ou que apenas adorna
O que o objeto seria
E aquilo que ele se torna
.
Assim a arte se espalha
Em uma estranha estrutura
E a mão da tarde que a entalha
Faz parte da escultura.
.
F.T.O
04/01/2010 (...AOS VELHOS CANHÕES)
.
As sombras caíram no ocaso
Do dia que já passou
Num vôo tão curto e tão raso,
E que tão pouco perdurou.
.
E a nau perdida em um ponto
Singrando por alheias sagas
Viraram apenas um conto
Relido nas horas vagas.
.
Mas o meu coração inexplorado,
Alenta aos velhos canhões
Com um conto apenas contado
No encontro de corações.
.
F.T.O
As sombras caíram no ocaso
Do dia que já passou
Num vôo tão curto e tão raso,
E que tão pouco perdurou.
.
E a nau perdida em um ponto
Singrando por alheias sagas
Viraram apenas um conto
Relido nas horas vagas.
.
Mas o meu coração inexplorado,
Alenta aos velhos canhões
Com um conto apenas contado
No encontro de corações.
.
F.T.O
05/01/2010 (HIALINO)
.
A névoa na tarde, à toa,
Tinge as casas de marfim
Só pra eu saber que nevoa
Ou apenas vê-la assim.
.
E ao vê-la não defino
O lugar pra onde vai
Nem me vejo ou imagino
Nessa nevoa quando cai.
.
E assim me faço retraído
Por sabê-la em demasia
Neste rastro esquecido
E onde antes nada havia.
.
F.T.O
A névoa na tarde, à toa,
Tinge as casas de marfim
Só pra eu saber que nevoa
Ou apenas vê-la assim.
.
E ao vê-la não defino
O lugar pra onde vai
Nem me vejo ou imagino
Nessa nevoa quando cai.
.
E assim me faço retraído
Por sabê-la em demasia
Neste rastro esquecido
E onde antes nada havia.
.
F.T.O
06/01/2010 (LONGITUDINAL)
.
O entardecer é uma promessa
De que o dia continua
De que ele sempre recomeça
E outras vezes nem recua
.
E cada instante é uma prova
É uma sorte que nos brinda
Com a profusão que se renova
E cujo fim não veio, ainda.
.
E como a luz que se radica
Na flor do orvalho refletida
Tudo que vai apenas fica
Na eterna ausência repetida.
.
F.T.O
O entardecer é uma promessa
De que o dia continua
De que ele sempre recomeça
E outras vezes nem recua
.
E cada instante é uma prova
É uma sorte que nos brinda
Com a profusão que se renova
E cujo fim não veio, ainda.
.
E como a luz que se radica
Na flor do orvalho refletida
Tudo que vai apenas fica
Na eterna ausência repetida.
.
F.T.O
07/01/2010 ( E ASSIM RESSURGE...)
.
E assim ressurge a madrugada,
(Velho rabisco que mantenho
De alguma forma ordenada
N'algum esboço de desenho).
.
E assim se esvai a escuridão
Nenhum desenho a mantém
Os homens nunca a lembrarão
E ela existe pra ninguém.
.
E assim ressurge o dia claro
A vida toda é como um vicio
Como um perfume nobre e raro
Que não permite desperdício.
.
F.T.O
E assim ressurge a madrugada,
(Velho rabisco que mantenho
De alguma forma ordenada
N'algum esboço de desenho).
.
E assim se esvai a escuridão
Nenhum desenho a mantém
Os homens nunca a lembrarão
E ela existe pra ninguém.
.
E assim ressurge o dia claro
A vida toda é como um vicio
Como um perfume nobre e raro
Que não permite desperdício.
.
F.T.O
08/01/2010 ( AS CALÇADAS FRIAS ONDE PASSO)
.
As calçadas frias onde passo
Fazem lembrar a prateleira
Da casa velha, sem terrarço,
Onde vivi a vida inteira.
.
Água escorrendo no telhado,
E um chumaço de jornais
Num velho canto abandonado
Sobre um arranjo de corais.
.
Depois de tanto, agora sei,
A consonância de meus dias
É de jornais que não lerei
E de calçadas sempre frias.
.
F.T.O
As calçadas frias onde passo
Fazem lembrar a prateleira
Da casa velha, sem terrarço,
Onde vivi a vida inteira.
.
Água escorrendo no telhado,
E um chumaço de jornais
Num velho canto abandonado
Sobre um arranjo de corais.
.
Depois de tanto, agora sei,
A consonância de meus dias
É de jornais que não lerei
E de calçadas sempre frias.
.
F.T.O
09/01/2010
.
Todas as coisas que eu te disse
Ainda soam por interiras
Como se o tempo se incumbisse
De não torna-las verdadeiras.
.
Pois todas elas são revistas
Entre o ver e o ocultar
Entre as pegadas e as pistas
Do que eu sinto sem falar.
.
A nossa vida é uma cortina
Um candelabro na janela,
Chama que mata a parafina
Para extrair o fogo dela.
.
F.T.O
Todas as coisas que eu te disse
Ainda soam por interiras
Como se o tempo se incumbisse
De não torna-las verdadeiras.
.
Pois todas elas são revistas
Entre o ver e o ocultar
Entre as pegadas e as pistas
Do que eu sinto sem falar.
.
A nossa vida é uma cortina
Um candelabro na janela,
Chama que mata a parafina
Para extrair o fogo dela.
.
F.T.O
10/01/2010 (EU DESAPRENDO O QUE É SENTIR)
.
Eu desaprendo o que é sentir
E ainda não sei reaprender
Tudo o que sou é o transmitir
Daquilo que não sei dizer.
.
Cometo erros francamente
Que se um outro os conhecesse
Veria a mim completamente
Como se o erro o descrevesse.
.
E tudo que sei ou que senti,
Além das coisas repetidas,
Estão as falhas que esqueci
E ainda não foram cometidas.
.
F.T.O
Eu desaprendo o que é sentir
E ainda não sei reaprender
Tudo o que sou é o transmitir
Daquilo que não sei dizer.
.
Cometo erros francamente
Que se um outro os conhecesse
Veria a mim completamente
Como se o erro o descrevesse.
.
E tudo que sei ou que senti,
Além das coisas repetidas,
Estão as falhas que esqueci
E ainda não foram cometidas.
.
F.T.O
11/01/2010 (POR MAIS QUE A NOITE SE AQUIETE)
Por mais que a noite se aquiete
Eu busco ao dia que agite
Ao que me falta ou complete
Ao que em mim é limite...
.
...No descompasso mais largo
Verei ao sol por se por...
Velho, azedo ou amargo
Tão decadente e sem cor.
.
Por mais que a noite me tente
Inda serei como louco
Que tenta ser ou invente
Ao nada além de ser pouco.
Eu busco ao dia que agite
Ao que me falta ou complete
Ao que em mim é limite...
.
...No descompasso mais largo
Verei ao sol por se por...
Velho, azedo ou amargo
Tão decadente e sem cor.
.
Por mais que a noite me tente
Inda serei como louco
Que tenta ser ou invente
Ao nada além de ser pouco.
12/01/2010 (ALGUMA ESTRELA)
ALGUMA ESTRELA
.
E sei, alguma estrela se esconde,
.
E sei, alguma estrela se esconde,
No fundo falso do que sou
E ela é tão igual ou coresponde
Ao que em mim jamais mudou.
.
É o lado oposto, é o contraponto
Da pedra nunca cinzelada
É o meio termo do confronto
Entre ser algo em sendo nada.
.
E nesta estrela se reflete
Como na vidraça umedecida
A velha imagem que repete
Que se perdeu em minha vida.
..
F.T.Oliveira
13/01/2010 (A CHUVA CAINDO NO LAGO)
.A chuva caindo no lago
Diz, de modo diferente,
Que ondas, em mim, as trago
Por não tê-las realmente.
.
Ele me fere com a adaga
Em cortina transformada
De indiferente e vaga
Grafada sobre o meu nome.
De indiferente e vaga
Grafada sobre o meu nome.
.
E embora eu pouco o diga
Essa dor me leva a crer
Que enfim é a mão amiga
Que enfim é a mão amiga
Que me ensina em meu doer.
14/01/2010 (IMPONDERÁVEL)
I
.
Quem sou eu? - Somente sabe
Ou simplesmente imagina
Que minha alma já não não cabe
Nesta janela da retina.
.
Quem somos nós? Assim define
O instante vindo logo após
De quando alguém se imagine
"Não somos um, nós somos nós".
.
Aonde irei? Não sei se posso
Falar de algo visto em mim
Seja o que seja - qualquer troço
Disto que fui ao "ser assim"
.
II
.
De longe, na praia deserta,
Cuja areia é branca e fria,
.
Quem sou eu? - Somente sabe
Ou simplesmente imagina
Que minha alma já não não cabe
Nesta janela da retina.
.
Quem somos nós? Assim define
O instante vindo logo após
De quando alguém se imagine
"Não somos um, nós somos nós".
.
Aonde irei? Não sei se posso
Falar de algo visto em mim
Seja o que seja - qualquer troço
Disto que fui ao "ser assim"
.
II
.
De longe, na praia deserta,
Cuja areia é branca e fria,
Vive a ilha recoberta
De tormentos e magia.
.
E na distância, adormecida,
Nos silêncios cambaleia
A maré mais esquecida
Em seus sonhos de areia.
.
Mas o mar distante vê
Neste mundo em desalento
Que os mundos que ele crê
São tragados pelo vento.
De tormentos e magia.
.
E na distância, adormecida,
Nos silêncios cambaleia
A maré mais esquecida
Em seus sonhos de areia.
.
Mas o mar distante vê
Neste mundo em desalento
Que os mundos que ele crê
São tragados pelo vento.
15/01/2010 (A ESTRADA ESCONDE)
A estrada esconde fora
.
O caminho que vai dentro
Confundindo a quem explora
E afastá-lo de seu centro.
E o seguir-se se traduz
Em não crer que tanto faz
Que um rumo se conduz
Ao porvir do "algo mais"
Em não crer que tanto faz
Que um rumo se conduz
Ao porvir do "algo mais"
.
E assim morre na estrada
Tudo quanto se empregue
Por não vê-la abandonada,
Por fiar-se em quem a segue.
16/01/2010 (O OLHO D'ÁGUA)
O olho d´água reflete
A cara magra da lua
Ou somente se repete
A imagem que é sua.
.
Que tão vaga distancia
Do que não se reconhece
Pois reflete a nostalgia
Sem saber com que parece.
.
"Tudo que mata conforta"
E a imagem, sendo mágoas,
Desconhece que é morta
Na dor profunda das águas.
17/01/2010 (FINA CAMADA)
A fina camada de veludo
De meus sentidos se constrói
Do pouco que sou e de tudo
Que sinto em mim e que dói.
.
E é neste torpe sentimento
Ininterrupto e frequente
Que eu mim experimento
O sentido de estar ausente.
.
E embora me pese encanto
D que em mim se comprova
A dor me dói e dói tanto
Que sempre parece ser nova.
D que em mim se comprova
A dor me dói e dói tanto
Que sempre parece ser nova.
19/01/2010 (NÃO É SÓ...)
Não é só uma lágrima, é mais
É mais que isso, e é somente,
A simples dor que os mortais
Todos a sentem , igualmente..
.
Não é só a dor (ou pelo menos),
No limiar de uma etapa,
Nos sentimentos mais pequenos,
Toda essa dor se nos escapa
Nos sentimentos mais pequenos,
Toda essa dor se nos escapa
.
Não é só isso. e nem é só
Uma tristeza que nos sai
E que nos faz ter muita dó
Da estranha lágrima que cai.
Uma tristeza que nos sai
E que nos faz ter muita dó
Da estranha lágrima que cai.
(DEDUÇÃO) 20/01/2010
..Por entre as curvas, uma curva
Um céu de estrada, desalentos
A imagem minha clara- turva
Estrada é chão de sentimentos.
.
A mim me chamam pelo nome
Um nome estranho para mim
Um céu de estrada, desalentos
A imagem minha clara- turva
Estrada é chão de sentimentos.
.
A mim me chamam pelo nome
Um nome estranho para mim
Uma angústia que tem fome
Um bastião, outo e marfim.
.
Que vou dizer-te, minha cara,
Se a palavra não traduz
O quanto é vaga a coisa rara
E que o outro em n´s deduz.
(O DOCE AMARGO DE VIVER) 21/01/2010
.Meu rosto cala o sofrimento
E o sentimento de perder
Na estrada afora de um momento
O DOCE AMARGO DE VIVER.
.
A vida flui, reflui, Não passa
Do ponto mórbido que agarro
Feito as cortinas de fumaça
Que se espalham de um cigarro.
.
Eu sou assim como este fumo
Uma metade estranha, louca,
A qual me entrego e acostumo
Como a fumaça em minha boca
E o sentimento de perder
Na estrada afora de um momento
O DOCE AMARGO DE VIVER.
.
A vida flui, reflui, Não passa
Do ponto mórbido que agarro
Feito as cortinas de fumaça
Que se espalham de um cigarro.
.
Eu sou assim como este fumo
Uma metade estranha, louca,
A qual me entrego e acostumo
Como a fumaça em minha boca
(HABITUAL) 22/01/2010
.HABITUAL
.
Um rosto. Silêncio! Um rosto
Na pálida luz de uma lua
Denota a dor e o desgosto
Em uma dor que não é sua.
.
Contrai-se e, alguma alusão,
Do que dissimula ou reflete
Transforma as coisas que são
Em outas que nele repete.
.
Contrai-se a humana criatura
Como se o mundo ali cavasse
A sua própria sepultura
Na dor contida em sua face.
.
Um rosto. Silêncio! Um rosto
Na pálida luz de uma lua
Denota a dor e o desgosto
Em uma dor que não é sua.
.
Contrai-se e, alguma alusão,
Do que dissimula ou reflete
Transforma as coisas que são
Em outas que nele repete.
.
Contrai-se a humana criatura
Como se o mundo ali cavasse
A sua própria sepultura
Na dor contida em sua face.
(SOU EU O PÓ) 23/01/2010
.SOU EU O PÓ
.
Sou eu o pó que o vento leva
Da umidade que ainda vive
Tão ancestral e tão longeva
No antepassado que não tive.
.
Toda tristeza vem-me aos olhos
Quando o passado os retrai
Como sargaços e abrolhos,
Em uma lagrima que cai.
.
Eu sou o pó e quem me olha
Por nada ver se entretém
Não vê a lagrima que molha
Nem vê aquela que não vem
.
II
.
Eu não conheço a atitude
Apenas sei que inexiste
E enquanto eu jamais a mude
Ele está no que consiste
.
Não é a lágrima que rola
Não é o modo de se vê-la
Mas a intenção que se izola
Ao ver um céu em cada estrela
.
É impossivel não mudar
Não ser passado nem presente
Sair de cena, não voltar,
Estar em cada coisa ausente.
.
II
.
Sou eu o pó, uma poeira
Que a mão do vento subtrai
Minha metade quase inteira
Na noite íngreme que cai.
.
Direi a quem não me conhece
Que nunca fui reconhecido
Sou como a coisa que se esquece
Por não conter nenhum sentido.
.
Sou eu os cantos da estrada
Cantos que todos pisarão
E levarão na caminhada
Toda a lembrança do que são.
.
Sou eu o pó que o vento leva
Da umidade que ainda vive
Tão ancestral e tão longeva
No antepassado que não tive.
.
Toda tristeza vem-me aos olhos
Quando o passado os retrai
Como sargaços e abrolhos,
Em uma lagrima que cai.
.
Eu sou o pó e quem me olha
Por nada ver se entretém
Não vê a lagrima que molha
Nem vê aquela que não vem
.
II
.
Eu não conheço a atitude
Apenas sei que inexiste
E enquanto eu jamais a mude
Ele está no que consiste
.
Não é a lágrima que rola
Não é o modo de se vê-la
Mas a intenção que se izola
Ao ver um céu em cada estrela
.
É impossivel não mudar
Não ser passado nem presente
Sair de cena, não voltar,
Estar em cada coisa ausente.
.
II
.
Sou eu o pó, uma poeira
Que a mão do vento subtrai
Minha metade quase inteira
Na noite íngreme que cai.
.
Direi a quem não me conhece
Que nunca fui reconhecido
Sou como a coisa que se esquece
Por não conter nenhum sentido.
.
Sou eu os cantos da estrada
Cantos que todos pisarão
E levarão na caminhada
Toda a lembrança do que são.
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terça-feira, 22 de março de 2011
(DIVISÃO) 24/10/2009
.
As flores por sobre a mesa
E os longos dias de inverno
Possuem a mesma tristeza
De um frio longo e eterno.
.
Numa cadência ou ritmo
Eu vejo as flores - Morrer
Por sobre o eixo marítimo
Cansado de mim... e chover.
.
E por sobre a mesa só resta
um pouco, creio, de mim:
Olhar que vê pela fresta
Para não ver nada enfim.
.
F.T.O
As flores por sobre a mesa
E os longos dias de inverno
Possuem a mesma tristeza
De um frio longo e eterno.
.
Numa cadência ou ritmo
Eu vejo as flores - Morrer
Por sobre o eixo marítimo
Cansado de mim... e chover.
.
E por sobre a mesa só resta
um pouco, creio, de mim:
Olhar que vê pela fresta
Para não ver nada enfim.
.
F.T.O
(PRECE ANTIGA) 25/10/2009
I
.
Eu bebo o sangue da uva
Eu bebo o ceu de carmim
Pois o que sou coadjuva
Com o que não tenho em mim
.
Eu sinto em mim o intervalo
Alguém correndo na brisa
Em uma canção de orvalho
Pela manhã imprecisa.
.
Não posso ouvir a cantiga
Que tem o sopro do vento
Em uma prece antiga
Que vive em cada momento.
.
II
.
O teu silêncio tem o cheiro
Que tem o ar do amanhecer
Que a gente sente por inteiro
Porém, jamais, o pode ver.
.
Pois tem segredos combinados
intercalados numa voz
De quando foram segredados
Porque falavam sobre nós.
.
Eu posso crer que justifique
Porém não sei se saberei
Ver a fragrância que ainda fique
Em tudo aquilo que falei.
.
Oliveira.F.T
.
Eu bebo o sangue da uva
Eu bebo o ceu de carmim
Pois o que sou coadjuva
Com o que não tenho em mim
.
Eu sinto em mim o intervalo
Alguém correndo na brisa
Em uma canção de orvalho
Pela manhã imprecisa.
.
Não posso ouvir a cantiga
Que tem o sopro do vento
Em uma prece antiga
Que vive em cada momento.
.
II
.
O teu silêncio tem o cheiro
Que tem o ar do amanhecer
Que a gente sente por inteiro
Porém, jamais, o pode ver.
.
Pois tem segredos combinados
intercalados numa voz
De quando foram segredados
Porque falavam sobre nós.
.
Eu posso crer que justifique
Porém não sei se saberei
Ver a fragrância que ainda fique
Em tudo aquilo que falei.
.
Oliveira.F.T
26/10/2009 (EM CADA DIA QUE AMANHECE)
.
E a minha noite se fez dia
de uma noite anterior
Por uma estranha alegoria:
A cor do sol em uma flor
.
Não encontrei a minha estrada
Na brisa leve da canção
Só uma voz desafinada
E a dor exausta do verão.
.
Como são vagas estas horas
Do por do sol que reaparece
No halo fino das auroras
Em cada dia que amanhece
.
F.T.O
E a minha noite se fez dia
de uma noite anterior
Por uma estranha alegoria:
A cor do sol em uma flor
.
Não encontrei a minha estrada
Na brisa leve da canção
Só uma voz desafinada
E a dor exausta do verão.
.
Como são vagas estas horas
Do por do sol que reaparece
No halo fino das auroras
Em cada dia que amanhece
.
F.T.O
27/10/2009 (DEDICATÓRIA BREVE)
.
Sinto em mim deflagrada
Uma existencia irreal
De vida inteira roubada
Por qualquer coisa igual.
.
Então eu me vejo naquele
Que um dia planejou
Em minha existência a dele
Não a ausência que sou.
.
Assim inteiro eu me penso
E cuja metade mantém
Um analogismo pretenso
De eu sentir-me este alguem.
.
F.T.O
Sinto em mim deflagrada
Uma existencia irreal
De vida inteira roubada
Por qualquer coisa igual.
.
Então eu me vejo naquele
Que um dia planejou
Em minha existência a dele
Não a ausência que sou.
.
Assim inteiro eu me penso
E cuja metade mantém
Um analogismo pretenso
De eu sentir-me este alguem.
.
F.T.O
28/10/2009 (UM VENTO LEVE, DE PALHA)
.
Há uma sombra espalhada
No fim do dia cinzento
E que só é demonstrada
Por não haver movimento.
.
É só uma sombra secreta
De um algo inexistente
Por isso só se projeta
Na tarde que há na gente.
.
Mas quando na noite avança
Um vento leve, de palha
Outro sentido ela alcança
E o segredo se espalha.
.
F.T.O
Há uma sombra espalhada
No fim do dia cinzento
E que só é demonstrada
Por não haver movimento.
.
É só uma sombra secreta
De um algo inexistente
Por isso só se projeta
Na tarde que há na gente.
.
Mas quando na noite avança
Um vento leve, de palha
Outro sentido ela alcança
E o segredo se espalha.
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F.T.O
29/10/2009 (PARÊNTESIS)
.
Em cada palavra simples digo
O que a minha alma contém
Mas raramente eu consigo
Compreendê-la assim tão bem.
.
E nesse estranho não saber
O que escrevo é sem sentir
Com a ilusão de que ao ler
Alguém irá me definir.
.
Porque nos outros é que estão
Todas as réplicas de nós
A interminável multidão
Que nos faz crer que estamos sós.
.
F.T.O
Em cada palavra simples digo
O que a minha alma contém
Mas raramente eu consigo
Compreendê-la assim tão bem.
.
E nesse estranho não saber
O que escrevo é sem sentir
Com a ilusão de que ao ler
Alguém irá me definir.
.
Porque nos outros é que estão
Todas as réplicas de nós
A interminável multidão
Que nos faz crer que estamos sós.
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F.T.O
30/10/2009 (SEGREDOS NO JARDIM)
.
...E a primavera descerra
Seus segredos pelo jardim;
O prado tingido de serra,
E a serra tingida de mim.
.
Meus olhos trêmulos buscam
Agarrar um pouco disto
Mas as cores se ofuscam
Numa mescla, em um misto.
Em um misto, um mistério
Um eterno vendaval
Onde tudo é menos sério
Nem eu mesmo sou real.
.
F.T.O
...E a primavera descerra
Seus segredos pelo jardim;
O prado tingido de serra,
E a serra tingida de mim.
.
Meus olhos trêmulos buscam
Agarrar um pouco disto
Mas as cores se ofuscam
Numa mescla, em um misto.
Em um misto, um mistério
Um eterno vendaval
Onde tudo é menos sério
Nem eu mesmo sou real.
.
F.T.O
31/10/2009 (RE) ENSAIADO
.
Eu não escrevo pra quem lê
E nem o faço para mim...
Escrevo aos olhos de quem vê,
E todo mundo lê-me assim.
.
A coisa escrita tem um som
Muito difícl de ensaiar
É um requebrado a meio tom
E o não saber pronunciar.
.
Assim escrevo a minha dança
O meu ballet caligrafia
Sou o sentido que ele alcança
Em minha dança poesia.
.
F.T.O
Eu não escrevo pra quem lê
E nem o faço para mim...
Escrevo aos olhos de quem vê,
E todo mundo lê-me assim.
.
A coisa escrita tem um som
Muito difícl de ensaiar
É um requebrado a meio tom
E o não saber pronunciar.
.
Assim escrevo a minha dança
O meu ballet caligrafia
Sou o sentido que ele alcança
Em minha dança poesia.
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F.T.O
01/11/2009 (A HORA PERDIDA)
.
A hora perdida é uma seta,
Um corpo denso que restringe
Na mão esguia que a projeta
O mesmo alvo que ela atinge.
.
A hora perdida é a ponte rasa,
É a travessia que excede
Ao corredor dentro da casa
E a cuja entrada ele impede.
.
A hora perdida é o desalento
Das folhas velhas; temporal
Cujo pincel é a mão do vento
Que a tudo pinta tao igual.
.
F.T.O
A hora perdida é uma seta,
Um corpo denso que restringe
Na mão esguia que a projeta
O mesmo alvo que ela atinge.
.
A hora perdida é a ponte rasa,
É a travessia que excede
Ao corredor dentro da casa
E a cuja entrada ele impede.
.
A hora perdida é o desalento
Das folhas velhas; temporal
Cujo pincel é a mão do vento
Que a tudo pinta tao igual.
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F.T.O
02/11/2009 (RESUMINDO)
.
A pele é um corpo tecido
Aos sentidos, que se reveste
Deste trapo umedecido
Que me coube como veste.
.
Ao sentir-me eu não sei
Do despir que me revele
Desta roupa que eu criei
Pra servir-me como pele.
.
Sou a água sem fervura
Um retalho que não serve
Pois resiste à costura
Evapora, mas não ferve.
.
F.T.O
A pele é um corpo tecido
Aos sentidos, que se reveste
Deste trapo umedecido
Que me coube como veste.
.
Ao sentir-me eu não sei
Do despir que me revele
Desta roupa que eu criei
Pra servir-me como pele.
.
Sou a água sem fervura
Um retalho que não serve
Pois resiste à costura
Evapora, mas não ferve.
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F.T.O
03/11/2009 (NO SILÊNCIO QUE ME DESPERTA)
.
No silêncio que me desperta
Já não existe a quietude
Somente o olhar que desconcerta
Olhando tudo e amiúde.
.
A tudo olha e atentamente
Como alguém que determina
No que é visto realmente
Quando a visão se aproxima.
.
E as consoantes do que vejo
Se entrepõe à solidez
Porque refletem um desejo
Que é desejar a quem as fez.
.
F.T.O
No silêncio que me desperta
Já não existe a quietude
Somente o olhar que desconcerta
Olhando tudo e amiúde.
.
A tudo olha e atentamente
Como alguém que determina
No que é visto realmente
Quando a visão se aproxima.
.
E as consoantes do que vejo
Se entrepõe à solidez
Porque refletem um desejo
Que é desejar a quem as fez.
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F.T.O
04/11/2009 (O INEXPRIMÍVEL)
.
E o inexprimível há de ser
Alguma coisa complicada
Porque resiste sem dizer
E se revela ao dizer nada.
.
Há de ser algo que se explica
Pela razão em que contém
O olhar sutil que o modifica
E não se altera ou se mantém.
.
Definitivamente, estou certo,
Ele é tão só a alternativa
Que se esconde a descoberto
E só é visto quando esquiva.
.
F.T.O
E o inexprimível há de ser
Alguma coisa complicada
Porque resiste sem dizer
E se revela ao dizer nada.
.
Há de ser algo que se explica
Pela razão em que contém
O olhar sutil que o modifica
E não se altera ou se mantém.
.
Definitivamente, estou certo,
Ele é tão só a alternativa
Que se esconde a descoberto
E só é visto quando esquiva.
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F.T.O
05/11/2009 (SUBSTRATO)
.
Eu nada busco, a intermitência
De nada ter a que buscar
Gera em mim certa freqüência
De estar aqui, noutro lugar.
.
É um substrato indissoluto
Uma equação não resolvida
No sentimento, quase mútuo
Da resultante em mim perdida.
.
Pois não me caibo na extensão
Que o meu corpo produziu
Da indeclinável sedução
Que a si mesmo o reduziu.
.
F.T.O
Eu nada busco, a intermitência
De nada ter a que buscar
Gera em mim certa freqüência
De estar aqui, noutro lugar.
.
É um substrato indissoluto
Uma equação não resolvida
No sentimento, quase mútuo
Da resultante em mim perdida.
.
Pois não me caibo na extensão
Que o meu corpo produziu
Da indeclinável sedução
Que a si mesmo o reduziu.
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F.T.O
06/11/2009 (REFERÊNCIA)
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O que sinto em mim é denso
Feito chuva quando molha
Faz-me crer no que não penso
E me ver em quem me olha.
.
Faz-me crer que eu existo
Como a chova lá de fora
E, por não sê-la eu sei disto,
Mas de mim que sei agora.
.
E como a tarde tão molhada
Entre sombras e estilhaços
Eu recolho estilhaçada
Toda vida em meus braços
.
F.T.O
O que sinto em mim é denso
Feito chuva quando molha
Faz-me crer no que não penso
E me ver em quem me olha.
.
Faz-me crer que eu existo
Como a chova lá de fora
E, por não sê-la eu sei disto,
Mas de mim que sei agora.
.
E como a tarde tão molhada
Entre sombras e estilhaços
Eu recolho estilhaçada
Toda vida em meus braços
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F.T.O
07/11/2009 (MISTÉRIOS DE MARFIM)
.
A noite erguida em vergalhões
Lembra um país imaginário
Todo trancado em paredões;
Um mundo negro, solitário.
.
Lembra clamores de uma queixa
Num grito vil, desolador
E um horizonte que não deixa
A gente ver o sol se por.
.
A noite lembra tanto enfim
E sob o céu vermelho-rubro
Penso em mistérios de marfim
Que está em mim e não descubro.
.
F.T.O
A noite erguida em vergalhões
Lembra um país imaginário
Todo trancado em paredões;
Um mundo negro, solitário.
.
Lembra clamores de uma queixa
Num grito vil, desolador
E um horizonte que não deixa
A gente ver o sol se por.
.
A noite lembra tanto enfim
E sob o céu vermelho-rubro
Penso em mistérios de marfim
Que está em mim e não descubro.
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F.T.O
08/11/2009 (MEU FAZ DE CONTA)
.
Num faz de contas eu anoto
Minha intenção de reencontrar
O que eu fui em alguma foto,
E que relutei por não tirar.
.
Esta é uma linha transparente
O faz de conta é um meteoro
Recria a foto que há na gente
E a faz surgir em cada poro.
.
Meu faz de conta é só um conto
É só uma idéia mas, contudo,
Transforma a vida em mero ponto
E faz o nada virar tudo.
.
F.T.O
Num faz de contas eu anoto
Minha intenção de reencontrar
O que eu fui em alguma foto,
E que relutei por não tirar.
.
Esta é uma linha transparente
O faz de conta é um meteoro
Recria a foto que há na gente
E a faz surgir em cada poro.
.
Meu faz de conta é só um conto
É só uma idéia mas, contudo,
Transforma a vida em mero ponto
E faz o nada virar tudo.
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F.T.O
segunda-feira, 21 de março de 2011
09/11/2009 (OS IDOS DE INVERNO)
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O entardecer evita as cores
Evita o brilho, luz, calor
Evita o sol e os seus pintores,
Somente o frio é a sua cor.
.
Lembro de ti e as avenidas
Trazem lembranças tão amargas
Horas distantes, coloridas
Em avenidas longas, largas.
.
Penso: amanhã é outro dia
Então talvez me satisfaça
A sensação da alegria
De ver em algo certa graça.
.
F.T.O
O entardecer evita as cores
Evita o brilho, luz, calor
Evita o sol e os seus pintores,
Somente o frio é a sua cor.
.
Lembro de ti e as avenidas
Trazem lembranças tão amargas
Horas distantes, coloridas
Em avenidas longas, largas.
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Penso: amanhã é outro dia
Então talvez me satisfaça
A sensação da alegria
De ver em algo certa graça.
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F.T.O
10/11/2009 (BREVIÁRIO DO ALVORECER) .
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No corpo do sol resplandece
A gota de orvalho caída
Esperando que o dia viesse
Trazendo cores e vida.
.
Assim eu amei sem dizer-te
Sem que soubesses do amor
A gota de orvalho era um flerte
E tudo em ti era a cor.
.
Passei, às vezes, por louco
Da gota de orvalho nem sei
De nada eu quis, só um pouco,
Pois tudo em ti eu amei.
.
F.T.O
No corpo do sol resplandece
A gota de orvalho caída
Esperando que o dia viesse
Trazendo cores e vida.
.
Assim eu amei sem dizer-te
Sem que soubesses do amor
A gota de orvalho era um flerte
E tudo em ti era a cor.
.
Passei, às vezes, por louco
Da gota de orvalho nem sei
De nada eu quis, só um pouco,
Pois tudo em ti eu amei.
.
F.T.O
11/11/2009 (QUEM)
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Quem não sentiu-se traído
Quando a voz engasgada
Perdendo seu próprio sentido
Pra concluir-se em nada.
.
Quem não sentiu-se incompleto
Quando uma forma corrente
Provou ser ele o objeto
E não o sujeito que a sente.
Quem não sentiu-se um engano
Quando tão vago e distante
Fora menor que o humano
E nada mais que um instante.
.
F.T.O
Quem não sentiu-se traído
Quando a voz engasgada
Perdendo seu próprio sentido
Pra concluir-se em nada.
.
Quem não sentiu-se incompleto
Quando uma forma corrente
Provou ser ele o objeto
E não o sujeito que a sente.
Quem não sentiu-se um engano
Quando tão vago e distante
Fora menor que o humano
E nada mais que um instante.
.
F.T.O
12/11/2009 (GUACHE)
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Eu obtenho, em cada traço
Que a linha configura,
A poesia que eu não faço
E que entanto mais perdura.
.
Se tiro as vírgula da frase
A sentença me contesta
Dá sentido a qualquer crase
Ou me diz as regras desta.
.
E é neste claro movimento
Que a língua denuncia
Dobra as asas, vira vento
E subtrai-me a poesia.
.
F.T.O
Eu obtenho, em cada traço
Que a linha configura,
A poesia que eu não faço
E que entanto mais perdura.
.
Se tiro as vírgula da frase
A sentença me contesta
Dá sentido a qualquer crase
Ou me diz as regras desta.
.
E é neste claro movimento
Que a língua denuncia
Dobra as asas, vira vento
E subtrai-me a poesia.
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F.T.O
13/11/2009 ( UM GRITO DE LIBERDADE)
.
O corpo da manhã esconde,
No chão pisado da terra
Um brado que corresponde
À voz vibrante da guerra.
.
São os sonhos de liberdade
Que nascem a cada aurora
Que buscam ver na verdade
O que ela mesma ignora.
.
Falam de amor, de certeza
Falam de força e de glória
O homem é a tábua da mesa
E a tábua da mesa é história.
.
F.T.O
O corpo da manhã esconde,
No chão pisado da terra
Um brado que corresponde
À voz vibrante da guerra.
.
São os sonhos de liberdade
Que nascem a cada aurora
Que buscam ver na verdade
O que ela mesma ignora.
.
Falam de amor, de certeza
Falam de força e de glória
O homem é a tábua da mesa
E a tábua da mesa é história.
.
F.T.O
14/11/2009 (AO ESQUECER-ME QUEM EU ERA)
.
Ao esquecer-me quem eu era
Fui encontrar-me todo em ti,
Em teu olhar de primavera
Mas foi assim que me perdi.
.
Eram manhãs emaranhadas,
Porque em tudo parecia
Haver histórias não contadas,
Haver silêncios, poesia.
.
E porque eu agora me prestava
A ser o sentido que insinua
E que em historias se contava
Mas que a vida perpetua.
.
F.T.O
Ao esquecer-me quem eu era
Fui encontrar-me todo em ti,
Em teu olhar de primavera
Mas foi assim que me perdi.
.
Eram manhãs emaranhadas,
Porque em tudo parecia
Haver histórias não contadas,
Haver silêncios, poesia.
.
E porque eu agora me prestava
A ser o sentido que insinua
E que em historias se contava
Mas que a vida perpetua.
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F.T.O
15/11/2009 (DA IDÉIA QUE FIZ DO AMANHECER)
.
Escrevo o dia em minha mente,
Em fragmentos tão dispersos
E então percebo de repente:
O mundo cabe nos meus versos.
.
Já houve tempo em que eu vivi
Sem ter alento, sede ou fome
E eu era tudo o que escrevi
No corpo vivo de meu nome.
.
Lembro manhãs sempre molhadas
Porque meu hábito de escrever
Fez que elas fossem disfarçadas
Da idéia que fiz do amanhecer
.
F.T.O
Escrevo o dia em minha mente,
Em fragmentos tão dispersos
E então percebo de repente:
O mundo cabe nos meus versos.
.
Já houve tempo em que eu vivi
Sem ter alento, sede ou fome
E eu era tudo o que escrevi
No corpo vivo de meu nome.
.
Lembro manhãs sempre molhadas
Porque meu hábito de escrever
Fez que elas fossem disfarçadas
Da idéia que fiz do amanhecer
.
F.T.O
16.11.2009 (HORAS VAGAS)
.
Nas horas paradas, observo
Sem pretender explicação
Porque em mim ainda conservo
As coisas que não virão.
.
Não sei porque e nem cogito
Apenas sei que elas não vem
São como sou em meu conflito
E que sou tudo que elas tem.
.
E as horas vagas mais parecem
Que tentam mesmo confundir
O que eu sou e o que conhecem
Com o que já fui sem existir.
.
F.T.O
Nas horas paradas, observo
Sem pretender explicação
Porque em mim ainda conservo
As coisas que não virão.
.
Não sei porque e nem cogito
Apenas sei que elas não vem
São como sou em meu conflito
E que sou tudo que elas tem.
.
E as horas vagas mais parecem
Que tentam mesmo confundir
O que eu sou e o que conhecem
Com o que já fui sem existir.
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F.T.O
17/11/2009 (A FALTA DE TEMPO)
.
A falta de tempo é a redoma,
Que torna a vida inconsistente,
É um corpo vivo mas em coma,
Que sobrevive em ser ausente.
.
É um transladar de lado a lado
O lado errado do aconchego,
Que se perdeu em seu translado
E se esqueceu do desapego.
.
E no transcurso do amanhã
O tempo irá em seu revés
Tornar a vida sempre vã
E de ti fará o que não és.
.
F.T.O
A falta de tempo é a redoma,
Que torna a vida inconsistente,
É um corpo vivo mas em coma,
Que sobrevive em ser ausente.
.
É um transladar de lado a lado
O lado errado do aconchego,
Que se perdeu em seu translado
E se esqueceu do desapego.
.
E no transcurso do amanhã
O tempo irá em seu revés
Tornar a vida sempre vã
E de ti fará o que não és.
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F.T.O
18.11.2009 (ÀS VEZES CHOVE OU RELAMPEJA)
.
Às vezes chove ou relampeja
Dentro da idéia que eu fiz
De ser apenas quem almeja
Jamais ser nada, nem feliz.
.
Não ter com que se proteger
Das intempéries da má sorte
Chegar a nada e só conter
O corpo magro que comporte.
.
Comporte a vida que se esvai
E onde só baste um relampejo
E a chuva esquálida que cai
No imenso nada que almejo.
.
F.T.O
Às vezes chove ou relampeja
Dentro da idéia que eu fiz
De ser apenas quem almeja
Jamais ser nada, nem feliz.
.
Não ter com que se proteger
Das intempéries da má sorte
Chegar a nada e só conter
O corpo magro que comporte.
.
Comporte a vida que se esvai
E onde só baste um relampejo
E a chuva esquálida que cai
No imenso nada que almejo.
.
F.T.O
19/11/2009 (NÃO ESTOU EXATAMENTE CERTO)
.
Não estou exatamente certo
Daquilo com que pareço
Sou quase sempre um deserto,
E às vezes me desconheço.
.
Penso que eu seja a mera
Chance de vida, perdida,
Que nada têm do que espera,
Ou nada espera da vida.
.
E é deste modo, confuso,
Que meu pensamento se tolhe
Pra ser o objeto de uso
Daquilo que ele recolhe.
.
F.T.O
Não estou exatamente certo
Daquilo com que pareço
Sou quase sempre um deserto,
E às vezes me desconheço.
.
Penso que eu seja a mera
Chance de vida, perdida,
Que nada têm do que espera,
Ou nada espera da vida.
.
E é deste modo, confuso,
Que meu pensamento se tolhe
Pra ser o objeto de uso
Daquilo que ele recolhe.
.
F.T.O
20/11/2009 (E EU ME VEJO COMO ALGUÉM)
.
E eu me vejo como alguém
Cujo arquétipo se aproxima
De alguma coisa que não tem
E que tão nele predomina.
.
É uma visão, é um sombreado
De uma frase onde eu li
Que tudo em mim foi infundado
E que afinal nem existi.
.
E assim eu vejo a envergadura
Do que não sou mas que irá
Cavar em mim a sepultura
Pra enterrar meu o corpo lá.
.
F.T.O
E eu me vejo como alguém
Cujo arquétipo se aproxima
De alguma coisa que não tem
E que tão nele predomina.
.
É uma visão, é um sombreado
De uma frase onde eu li
Que tudo em mim foi infundado
E que afinal nem existi.
.
E assim eu vejo a envergadura
Do que não sou mas que irá
Cavar em mim a sepultura
Pra enterrar meu o corpo lá.
.
F.T.O
21.11.2009 (O SILÊNCIO DAS COISAS)
.
São aves que se esqueceram
Do lugar que procuravam
Foram além e se perderam
Ou simplesmente nem voaram.
.
São só aves sem paradeiro
Que debandaram no incerto
Percorreram o mundo inteiro
Sem saber que estavam perto.
.
São só aves, apenas aves,
Porém nada é ser somente
Todas as coisas são entraves
Quando voar é simplemente.
.
F.T.O
São aves que se esqueceram
Do lugar que procuravam
Foram além e se perderam
Ou simplesmente nem voaram.
.
São só aves sem paradeiro
Que debandaram no incerto
Percorreram o mundo inteiro
Sem saber que estavam perto.
.
São só aves, apenas aves,
Porém nada é ser somente
Todas as coisas são entraves
Quando voar é simplemente.
.
F.T.O
22.11.2009 (CORRESPONDÊNCIA)
.
Escrevo uma carta para mim
Não que, de fato, eu vá ler,
Mas é que uma carta escrita assim
Fala da gente sem dizer.
.
É só um relato e não agrega
Qualquer verdade apregoada
Não tem sintaxe, não tem regra
É só uma carta e mais nada.
.
Porém se me perco na cadência
Por um detalhe que omito
É por faltar-me a transparência
De escrever-me sem tê-lo dito.
.
F.T.O
.
Escrevo uma carta para mim
Não que, de fato, eu vá ler,
Mas é que uma carta escrita assim
Fala da gente sem dizer.
.
É só um relato e não agrega
Qualquer verdade apregoada
Não tem sintaxe, não tem regra
É só uma carta e mais nada.
.
Porém se me perco na cadência
Por um detalhe que omito
É por faltar-me a transparência
De escrever-me sem tê-lo dito.
.
F.T.O
.
23.11.2009 (COSMONAUTA)
.
Finjo que sou um cosmonauta
Cruzando espaços e quimeras...
Navego os céus em noite alta
No brilho intenso das esferas
.
Invento os pontos que atinjo
Nos redemoinhos do espaço
Finjo até mesmo que não finjo
Que estou em tudo o que faço
.
Mas quando atinjo a nevoenta
Manhã sem graça, já não sei,
Se o que é fingido se inventa,
Eu devo crer que me inventei.
.
F.T.O
Finjo que sou um cosmonauta
Cruzando espaços e quimeras...
Navego os céus em noite alta
No brilho intenso das esferas
.
Invento os pontos que atinjo
Nos redemoinhos do espaço
Finjo até mesmo que não finjo
Que estou em tudo o que faço
.
Mas quando atinjo a nevoenta
Manhã sem graça, já não sei,
Se o que é fingido se inventa,
Eu devo crer que me inventei.
.
F.T.O
24.11.2009 (VELHO BARCO)
.
No velho barco ainda agoniza
A onda morta, sem ação,
De uma memória que divisa
O nunca ser a embarcação.
.
Não ser é algo agonizante,
É a resultante que abarca
A dor excessiva e conflitante
Do peso alusivo de uma marca.
.
Pois todo tempo é uma cava,
A greta aberta em um charco,
Que suja sempre quando lava
Tornando tudo um velho barco.
.
F.T.O
No velho barco ainda agoniza
A onda morta, sem ação,
De uma memória que divisa
O nunca ser a embarcação.
.
Não ser é algo agonizante,
É a resultante que abarca
A dor excessiva e conflitante
Do peso alusivo de uma marca.
.
Pois todo tempo é uma cava,
A greta aberta em um charco,
Que suja sempre quando lava
Tornando tudo um velho barco.
.
F.T.O
25.11.2009 (SONOLÊNCIA)
.
...e eu converti-me nisto tudo
Que hoje apenas é lembrado
Como o final de um filme mudo
E um livro velho em mal estado.
.
Um riso quieto e maltrapilho,
De um arlequim que segue torto
No longo estreito de um trilho
E busca ali o seu conforto.
.
E nesta estranha pequenez
Da coisa vista tão de fora
Não busco nem a insensatez
Pois até ela me ignora.
.
F.T.O
...e eu converti-me nisto tudo
Que hoje apenas é lembrado
Como o final de um filme mudo
E um livro velho em mal estado.
.
Um riso quieto e maltrapilho,
De um arlequim que segue torto
No longo estreito de um trilho
E busca ali o seu conforto.
.
E nesta estranha pequenez
Da coisa vista tão de fora
Não busco nem a insensatez
Pois até ela me ignora.
.
F.T.O
26.11.2009 (DECLARAÇÃO DO ALVORECER)
.
O meu olhar roubado ao teu
não é somente um olhar
Mas um rubor que se escondeu
Entre a manhã, aurora e mar.
.
Pois as manhãs derramam óleos
Sobre a varanda de tecidos
Da cor perdida de teus olhos
Em meus olhares escondidos.
.
É natural que eu não te veja
Apenas sinta quando vens
Que és a manhã e o sol te beija
Não tenho nada, tu o tens.
.
F.T.O
O meu olhar roubado ao teu
não é somente um olhar
Mas um rubor que se escondeu
Entre a manhã, aurora e mar.
.
Pois as manhãs derramam óleos
Sobre a varanda de tecidos
Da cor perdida de teus olhos
Em meus olhares escondidos.
.
É natural que eu não te veja
Apenas sinta quando vens
Que és a manhã e o sol te beija
Não tenho nada, tu o tens.
.
F.T.O
27/11/2009
.
A minha vida sem estética
certamente se escondeu
Numa frase tão poética
Que não é ela e nem sou eu
.
Vejo assim que se tornara
O, em mim, desconhecido
Que a frase não mascara
Nem faz menos corrompido.
.
E se foi escrita ou se não
Vejo apenas a inconstância
De ter sempre um padrão
De tão pouca importância
.
F.T.O
A minha vida sem estética
certamente se escondeu
Numa frase tão poética
Que não é ela e nem sou eu
.
Vejo assim que se tornara
O, em mim, desconhecido
Que a frase não mascara
Nem faz menos corrompido.
.
E se foi escrita ou se não
Vejo apenas a inconstância
De ter sempre um padrão
De tão pouca importância
.
F.T.O
28/11/2009
.
Há um toque de recolher
em cada boca fechada
Que tanta coisa a dizer
E cada palavra engasgada
.
Existe um sinal de alerta
Em cada beco, avenida
Em cada frase encoberta
Em cada esquina da vida
.
Existe um sino que toca
E cada mente que pensa
E o pensamento coloca
em cada lenço mordaça
.
F.T.O
Há um toque de recolher
em cada boca fechada
Que tanta coisa a dizer
E cada palavra engasgada
.
Existe um sinal de alerta
Em cada beco, avenida
Em cada frase encoberta
Em cada esquina da vida
.
Existe um sino que toca
E cada mente que pensa
E o pensamento coloca
em cada lenço mordaça
.
F.T.O
29/11/2009
.
O tempo coloca em meus lábios
palavras que eu nunca disse
Não são sermões, nem são sábios
São confissões, é tolice.
.
São coisas que eu guardei
Para dizer-te um dia
As mais puras tolices, eu sei
Mas mesmo assim eu diria.
.
Passou-se o tempo no entanto
E eu nada ousei revelar
Pois descobri que o encanto
Vem do sentir sem falar.
.
F.T.O
O tempo coloca em meus lábios
palavras que eu nunca disse
Não são sermões, nem são sábios
São confissões, é tolice.
.
São coisas que eu guardei
Para dizer-te um dia
As mais puras tolices, eu sei
Mas mesmo assim eu diria.
.
Passou-se o tempo no entanto
E eu nada ousei revelar
Pois descobri que o encanto
Vem do sentir sem falar.
.
F.T.O
30.11.2009 (INSUBORDINAÇÃO)
.
Eu vou beber a água da fonte
Que existe quando orvalha
Entre a cortina do horizonte
E a neblina que a espalha.
.
E vou beber até cansar-me
Eu seguirei na exaustão
Até quando não me alarme
Com o que todos pensarão.
.
Vou beber a água corrente
Que se extingue no regato
Até quando a experimente
Como ela o é e não de fato
.
F.T.O
Eu vou beber a água da fonte
Que existe quando orvalha
Entre a cortina do horizonte
E a neblina que a espalha.
.
E vou beber até cansar-me
Eu seguirei na exaustão
Até quando não me alarme
Com o que todos pensarão.
.
Vou beber a água corrente
Que se extingue no regato
Até quando a experimente
Como ela o é e não de fato
.
F.T.O
01/12/2009
.
É o vento raro de outras eras
Que faz a noite ser mais calma
Tornando o canto das esferas
A voz serena de minha alma.
.
Penso em ti e sinto o peso,
O leve peso de existir
Neste pavio enfim aceso
Minha vontade em te seguir.
.
Então irei aonde estás
Atravessando caos e mágoas
Te seguirei, me seguirás
No mais profundo dessas águas.
.
F.T.O
É o vento raro de outras eras
Que faz a noite ser mais calma
Tornando o canto das esferas
A voz serena de minha alma.
.
Penso em ti e sinto o peso,
O leve peso de existir
Neste pavio enfim aceso
Minha vontade em te seguir.
.
Então irei aonde estás
Atravessando caos e mágoas
Te seguirei, me seguirás
No mais profundo dessas águas.
.
F.T.O
02.12.09 (CONCERTO AO LUAR)
.
Te vi á noite entre as estrelas
Então não soube precisar
Se me perdi de então ao vê-las
Ou me esqueci por te olhar.
.
E a noite calma desatenta
Não percebeu que te esconder
Cria a razão que fundamenta
A esperança de te ver.
.
Pois há no brilho do invisível
A doce glória da conquista
Que dota ao ser mais divisível
A sensação da coisa vista.
.
F.T.O
Te vi á noite entre as estrelas
Então não soube precisar
Se me perdi de então ao vê-las
Ou me esqueci por te olhar.
.
E a noite calma desatenta
Não percebeu que te esconder
Cria a razão que fundamenta
A esperança de te ver.
.
Pois há no brilho do invisível
A doce glória da conquista
Que dota ao ser mais divisível
A sensação da coisa vista.
.
F.T.O
03.12.09 (PAS DE DEUX)
.
O teu silêncio é como a dança
Que meu silencio apenas sente
Num véu aberto que alcança
Este balé que há na gente.
.
Então seu corpo se levanta
E num movimento ritmado
Ordenadamente se agiganta
E se coloca do meu lado.
.
E assim igual ao instrumento
Retém o fino e raro toque
Do corpo esguio em movimento
Quando a dança o provoque
.
F.T.O
O teu silêncio é como a dança
Que meu silencio apenas sente
Num véu aberto que alcança
Este balé que há na gente.
.
Então seu corpo se levanta
E num movimento ritmado
Ordenadamente se agiganta
E se coloca do meu lado.
.
E assim igual ao instrumento
Retém o fino e raro toque
Do corpo esguio em movimento
Quando a dança o provoque
.
F.T.O
04.12.09 (PERENIDADE)
.
Teu rosto repousa transparente,
como pintura numa lousa...
Nada esconde apenas sente,
Então por isso só repousa.
.
E os olhos fitam no incerto
De uma forma que parece
Que o infinito está tão perto
E nada mais, tudo emudece.
.
Se a alguém coubesse definir
Tudo a dizer seria vão...
Nada é mais belo que sentir
O que não tem definição.
.
F.T.O
Teu rosto repousa transparente,
como pintura numa lousa...
Nada esconde apenas sente,
Então por isso só repousa.
.
E os olhos fitam no incerto
De uma forma que parece
Que o infinito está tão perto
E nada mais, tudo emudece.
.
Se a alguém coubesse definir
Tudo a dizer seria vão...
Nada é mais belo que sentir
O que não tem definição.
.
F.T.O
05.12.09 (SARAU)
.
Eu te desenho em minha mente,
Te redecoro a cada linha,
Porque você naturalmente
Já é tão sua quanto minha.
.
Te beijo a fronte numa valsa,
E te convido pra dançar
Teu corpo leve então realça
O meu esforço em te alcançar.
.
Te redecoro em cada ponto
Só pra te ver como tu és
E pra entender que estou pronto
Pra por meu mundo a teus pés.
.
F.T.O
Eu te desenho em minha mente,
Te redecoro a cada linha,
Porque você naturalmente
Já é tão sua quanto minha.
.
Te beijo a fronte numa valsa,
E te convido pra dançar
Teu corpo leve então realça
O meu esforço em te alcançar.
.
Te redecoro em cada ponto
Só pra te ver como tu és
E pra entender que estou pronto
Pra por meu mundo a teus pés.
.
F.T.O
06.12.09 (ESQUÁLIDO)
.
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas;
Instantes que não parecem
Freqüentar as nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver constantemente
Se esqueceu porque sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Ou que enfim desaparece,
É que vemos toda a graça
De uma coisa que acontece,
.
F.T.O
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas;
Instantes que não parecem
Freqüentar as nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver constantemente
Se esqueceu porque sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Ou que enfim desaparece,
É que vemos toda a graça
De uma coisa que acontece,
.
F.T.O
07.12.09 (ESPERA)
.
O tempo agora é de dar tempo
De não sair no vendaval,
De ser somente um passatempo,
Relva perdida no quintal.
.
O tempo agora é de ser nada,
Maçã colhida no jardim,
Buraco aberto na calçada,
De ter você perdida em mim.
.
O tempo agora é uma espera
Que cola o rosto transparente
No cume alto da cratera
Deste vulcão que há na gente.
.
F.T.O
O tempo agora é de dar tempo
De não sair no vendaval,
De ser somente um passatempo,
Relva perdida no quintal.
.
O tempo agora é de ser nada,
Maçã colhida no jardim,
Buraco aberto na calçada,
De ter você perdida em mim.
.
O tempo agora é uma espera
Que cola o rosto transparente
No cume alto da cratera
Deste vulcão que há na gente.
.
F.T.O
08.12.09 (BRUMAS)
.
Lembrei-me de ti esta manhã
E a brisa leve perfumada
Trazia aromas de hortelã
Com flores brancas na estrada
.
E a névoa densa e submersa
Tinha seu cheiro, seu sorriso
Um resto ainda da conversa
E uma canção que idealizo.
.
Assim me fiz esta lembrança
Porque senão a esqueceria
Na frase feita de uma dança
Que o teu silencio dançaria.
.
F.T.O
Lembrei-me de ti esta manhã
E a brisa leve perfumada
Trazia aromas de hortelã
Com flores brancas na estrada
.
E a névoa densa e submersa
Tinha seu cheiro, seu sorriso
Um resto ainda da conversa
E uma canção que idealizo.
.
Assim me fiz esta lembrança
Porque senão a esqueceria
Na frase feita de uma dança
Que o teu silencio dançaria.
.
F.T.O
09.12.2009 (SOLAR)
.
Hoje acordei com a certeza
De que nada vive no depois
Que o mundo inteiro é correnteza
Que desemboca entre nós dóis.
.
Que as horas vivem um segredo
Que ninguém pode revelar
E a flor que vive no rochedo
É a porta aberta para o mar.
.
Hoje acordei, e sem que eu visse
Todo o meu mundo acordou
Com a certeza que eu te disse
Um pouco disto que eu sou.
.
F.T.O
Hoje acordei com a certeza
De que nada vive no depois
Que o mundo inteiro é correnteza
Que desemboca entre nós dóis.
.
Que as horas vivem um segredo
Que ninguém pode revelar
E a flor que vive no rochedo
É a porta aberta para o mar.
.
Hoje acordei, e sem que eu visse
Todo o meu mundo acordou
Com a certeza que eu te disse
Um pouco disto que eu sou.
.
F.T.O
10.12.2009 (CLARIDADE)
.
Hoje entendi o que não vejo
A rara e dúbia intensidade
Entre o amor e o desejo
E nenhum deles na verdade.
.
O teu silencio me rodeia
E o som diáfano do dia
É um estopim que incendeia
Tudo que a vida silencia.
.
Te digo coisas mas esqueço
De te dizer principalmente
Que estás além do que mereço:
És o caminho à minha frente.
.
F.T.O
Hoje entendi o que não vejo
A rara e dúbia intensidade
Entre o amor e o desejo
E nenhum deles na verdade.
.
O teu silencio me rodeia
E o som diáfano do dia
É um estopim que incendeia
Tudo que a vida silencia.
.
Te digo coisas mas esqueço
De te dizer principalmente
Que estás além do que mereço:
És o caminho à minha frente.
.
F.T.O
11.12.2009 (LIBERDADE)
.
Tenho saudade a todo instante
como o orvalho tem da flor
É a dor confusa e tão constante,
A qual chamamos de amor.
.
Não sei porquê, às vezes queima
Em uma ardência consumida
Chama sutil que tanto teima
E incendeia a minha vida.
.
É uma torrente que derrama
E a tudo tenta consumir
Na sempre quieta e mesma chama
Que fê-la um dia existir.
.
F.T.O
Tenho saudade a todo instante
como o orvalho tem da flor
É a dor confusa e tão constante,
A qual chamamos de amor.
.
Não sei porquê, às vezes queima
Em uma ardência consumida
Chama sutil que tanto teima
E incendeia a minha vida.
.
É uma torrente que derrama
E a tudo tenta consumir
Na sempre quieta e mesma chama
Que fê-la um dia existir.
.
F.T.O
12/12/2009
.
Eu decifrei o teu mistério
Recalculei o teu sentido
Retornarei ao teu império
Porque o tive já perdido
.
Tu es o preço claro e justo
Que mostra à minha pequenez
Que toda coisa tem um custo
Tem seus segredos e porques
.
Ajuntarei a minha carta
a tua carta de alforria
Estmos livres ante a farta
Loucura insana da alegria.
.
F.T.O
Eu decifrei o teu mistério
Recalculei o teu sentido
Retornarei ao teu império
Porque o tive já perdido
.
Tu es o preço claro e justo
Que mostra à minha pequenez
Que toda coisa tem um custo
Tem seus segredos e porques
.
Ajuntarei a minha carta
a tua carta de alforria
Estmos livres ante a farta
Loucura insana da alegria.
.
F.T.O
13/12/2009
.
Estás em mim o tempo todo
Teu sono é leve a quem o perturbe...
Anjos, marfim, argila e lodo
Vozes que cantam pela urbe.
.
Estas em mim como a promessa
De um passado incalculavel
E que apenas se expressa
Porque em nós é interminavel.
.
Estás, estou... sempre estamos
Num mesmo tempo e lugar
São só lugares que passamos
Para um dia nos lembrar.
.
F.T.O
Estás em mim o tempo todo
Teu sono é leve a quem o perturbe...
Anjos, marfim, argila e lodo
Vozes que cantam pela urbe.
.
Estas em mim como a promessa
De um passado incalculavel
E que apenas se expressa
Porque em nós é interminavel.
.
Estás, estou... sempre estamos
Num mesmo tempo e lugar
São só lugares que passamos
Para um dia nos lembrar.
.
F.T.O
14/12/2009
.
A minha ausencia se predece
Da solidão que me exila
Num sentimento que me impede
De esquecer-me ao senti-la.
.
Eu penso em ti, esta distancia
Apenas sei que determina
A mais finita inconstancia
E tudo que fazéaproxima
.
Te Sinto toda, teu perfume
Terna fragancia de absinto
E minhas horas tem ciume
Por não sentir o que eu sinto
.
F.T.O
A minha ausencia se predece
Da solidão que me exila
Num sentimento que me impede
De esquecer-me ao senti-la.
.
Eu penso em ti, esta distancia
Apenas sei que determina
A mais finita inconstancia
E tudo que fazéaproxima
.
Te Sinto toda, teu perfume
Terna fragancia de absinto
E minhas horas tem ciume
Por não sentir o que eu sinto
.
F.T.O
15/12/2009
.
Se foi o dia em que eu sentia
A solidão emaranhada
A quase tudo que eu fazia
E à certeza de ser nada.
.
Os tempos voam, cada passos
parecem mesmo conspirar
Que asas surgem de meus braços
E tudo em mim querer voar
.
Mas vejo em ti meu baluarte
Tudo que vem depois da morte sorte
Pois há de i em toda parte
Seja na vida ou na morte
.
F.T.O
Se foi o dia em que eu sentia
A solidão emaranhada
A quase tudo que eu fazia
E à certeza de ser nada.
.
Os tempos voam, cada passos
parecem mesmo conspirar
Que asas surgem de meus braços
E tudo em mim querer voar
.
Mas vejo em ti meu baluarte
Tudo que vem depois da morte sorte
Pois há de i em toda parte
Seja na vida ou na morte
.
F.T.O
16/12/2009
.
Tu és em mim como o horionte
Quando o mundo perder a cor
água que escorre pela fonte
A esencia pura do sabor
.
A minha sina e a liberdade
O talismã que eu carrego
Espera incerta, a saudade
Um ponto vago, dúbio e cego.
.
A minha escrita, minha historia
não saber quem escreveu
Que somos nós esta memória
Escrita em ti e lida em mim.
.
F.T.O
Tu és em mim como o horionte
Quando o mundo perder a cor
água que escorre pela fonte
A esencia pura do sabor
.
A minha sina e a liberdade
O talismã que eu carrego
Espera incerta, a saudade
Um ponto vago, dúbio e cego.
.
A minha escrita, minha historia
não saber quem escreveu
Que somos nós esta memória
Escrita em ti e lida em mim.
.
F.T.O
17/12/2009 (VORAZ)
.
Vou encontrar teu ponto certo
vou te achar onde perdi
onde em ti fui descoberto?
onde em mim eu te esqueci?
.
Vou te buscar na densa bruma
no vendaval em movimento
Pra ver se a gente se acostuma
A não ser mais esquecimento.
.
E Vou inventar outra maneira
pra começa de onde parei
E ainda que leve a vida inteira
Vou te buscar onde deixei.
.
F.T.O
Vou encontrar teu ponto certo
vou te achar onde perdi
onde em ti fui descoberto?
onde em mim eu te esqueci?
.
Vou te buscar na densa bruma
no vendaval em movimento
Pra ver se a gente se acostuma
A não ser mais esquecimento.
.
E Vou inventar outra maneira
pra começa de onde parei
E ainda que leve a vida inteira
Vou te buscar onde deixei.
.
F.T.O
18/12/2009
.
O meu corpo chama pelo teu
Em uma porta sem saída
Que responder ao corpo meu
É tão somente dar-lhe vida.
.
É dar alento ao moribundo
É dar-lhe apenas um lugar
No palco imenso deste mundo
Onde ele vá contracenar.
.
Os corpos falam, se expressam
Se comunicam igualmente
Porém às vezes só confessam
Este furor que há na gente.
.
F.T.O
O meu corpo chama pelo teu
Em uma porta sem saída
Que responder ao corpo meu
É tão somente dar-lhe vida.
.
É dar alento ao moribundo
É dar-lhe apenas um lugar
No palco imenso deste mundo
Onde ele vá contracenar.
.
Os corpos falam, se expressam
Se comunicam igualmente
Porém às vezes só confessam
Este furor que há na gente.
.
F.T.O
19/12/2009
.
o mar é feito dos instantes
em que podaiamos lembrar afundar
porque já fomos navegantes
voce e eu, o fundo e o mar
.
Nós dois já fomos argonautas
Em meio a mares caudalosos
Pra refletir as noites altas
em precipicios perigosos
.
Fostes meu barco, minha guia
Minha certeza e minha fé
E o furacão que desafia
A descobrir o que ele é
.
F.T.O
o mar é feito dos instantes
em que podaiamos lembrar afundar
porque já fomos navegantes
voce e eu, o fundo e o mar
.
Nós dois já fomos argonautas
Em meio a mares caudalosos
Pra refletir as noites altas
em precipicios perigosos
.
Fostes meu barco, minha guia
Minha certeza e minha fé
E o furacão que desafia
A descobrir o que ele é
.
F.T.O
20/12/2009 (EQUAÇÃO)
.
Talvez a gente nem combine
E só pretenda começar
Para que um ao outro ensine
O modo certo de se amar.
.
Talvez a gente nem suporte
E só pretenda insistir
Para tornar ao outro forte
E esquecer de desistir.
.
E talvez a gente se complique
Pela mais simples equação
E cujo motivo só a explique
A voz que está no coração.
.
F.T.O
Talvez a gente nem combine
E só pretenda começar
Para que um ao outro ensine
O modo certo de se amar.
.
Talvez a gente nem suporte
E só pretenda insistir
Para tornar ao outro forte
E esquecer de desistir.
.
E talvez a gente se complique
Pela mais simples equação
E cujo motivo só a explique
A voz que está no coração.
.
F.T.O
21/12/2009 (NÃO MAIS PODIA ESQUECER)
.
A rua de pedra esconde,
Em pavimentos de brisa,
Um sem porque nem aonde
E que de nada precisa.
.
São os sussurros no ar
Que do silencio me arrasta
Ao que não sei escutar
Ou que ouvi e me basta.
.
Mas de te ouvir em nós dois
É que eu fui perceber
Que em repetidos depois
Não mais podia esquecer.
.
F.T.O
A rua de pedra esconde,
Em pavimentos de brisa,
Um sem porque nem aonde
E que de nada precisa.
.
São os sussurros no ar
Que do silencio me arrasta
Ao que não sei escutar
Ou que ouvi e me basta.
.
Mas de te ouvir em nós dois
É que eu fui perceber
Que em repetidos depois
Não mais podia esquecer.
.
F.T.O
22/12/2009 (REVELAÇÃO)
.
Não estou certo de que possa
Dizer aquilo que sinto,
A intimidade nunca é nossa,
E como a água na poça
Às portas de um labirinto.
.
Que diria do que é meu
Se pouco de meu ele tem
E o que fiz, não sendo eu,
Um outro me precedeu
Fazendo o mesmo também.
.
Assim que estranho pareça
Não me posso avaliar...
Sou quem mais me desconheça
Objeto que se esqueça
Sobre a mesa de jantar.
.
F.T.O
Não estou certo de que possa
Dizer aquilo que sinto,
A intimidade nunca é nossa,
E como a água na poça
Às portas de um labirinto.
.
Que diria do que é meu
Se pouco de meu ele tem
E o que fiz, não sendo eu,
Um outro me precedeu
Fazendo o mesmo também.
.
Assim que estranho pareça
Não me posso avaliar...
Sou quem mais me desconheça
Objeto que se esqueça
Sobre a mesa de jantar.
.
F.T.O
23/12/2009 (MEU OSTRACISMO)
.
Vou aceitar meu ostraciso
E que me chamem de ninguém,
Serei somente um mecanismo,
Um velho nome de batismo,
Uma notícia que não vem.
.
Vou aceitar meu banimento
Pra não lembrarem mais de mim
Assim serei o esquecimento
A velha estátua de cimento
Envelhecida no jardim.
.
Vou aceitar as condições
Que velhos nomes impuseram
Mesmo sabendo que as razões
Apenas são opiniões
Do veredicto que ela deram.
.
F.T.O
Vou aceitar meu ostraciso
E que me chamem de ninguém,
Serei somente um mecanismo,
Um velho nome de batismo,
Uma notícia que não vem.
.
Vou aceitar meu banimento
Pra não lembrarem mais de mim
Assim serei o esquecimento
A velha estátua de cimento
Envelhecida no jardim.
.
Vou aceitar as condições
Que velhos nomes impuseram
Mesmo sabendo que as razões
Apenas são opiniões
Do veredicto que ela deram.
.
F.T.O
24/12/2009 (O BRILHO DOS OLHOS DELA)
.
O brilho dos olhos dela,
Tem algo, não sei o que,
Que tanto esconde e revela,
Quando ela passa e me vê.
E o meu olhar insinua,
O que não posso pensar,
Do brilho que continua,
Mesmo depois de passar.
Como não sei abordá-la,
Quisera apenas supor,
Que este encontro sem fala,
É um começo de amor.
.
F.T.O
O brilho dos olhos dela,
Tem algo, não sei o que,
Que tanto esconde e revela,
Quando ela passa e me vê.
E o meu olhar insinua,
O que não posso pensar,
Do brilho que continua,
Mesmo depois de passar.
Como não sei abordá-la,
Quisera apenas supor,
Que este encontro sem fala,
É um começo de amor.
.
F.T.O
25/12/2009 (EU SOU METADE)
.
Eu sem voce sou só metade
Metade de um algo concebido
Não sou mentira nem verdade
Sou o que sou, inconcluído.
.
Sou a distância entre o véu
O ponto crítico da borda
Que rodopia em carrossel
Porém esquece o que recorda
.
Sou a urgência do que urge
Um vendaval, um torvelinho
Um grito pasmo que ressurge
Em cada palmo do caminho.
.
F.T.O
Eu sem voce sou só metade
Metade de um algo concebido
Não sou mentira nem verdade
Sou o que sou, inconcluído.
.
Sou a distância entre o véu
O ponto crítico da borda
Que rodopia em carrossel
Porém esquece o que recorda
.
Sou a urgência do que urge
Um vendaval, um torvelinho
Um grito pasmo que ressurge
Em cada palmo do caminho.
.
F.T.O
26/12/2009 (PRA GENTE CRER QUE NÃO FOI NADA)
.
Em cada onda do mar habita
Um sentimento sem razão
Que o vão da praia regurgita
Para reter sua vazão.
.
Vou sacudir meus pavimentos
E todas ondas que habitei
Irão ruir sem movimentos
Por cada grito que calei
.
E em tudo existe esta latencia
De alguma coisa propalada
No veu calado da existencia
Pra gente crer que não foi nada.
.
F.T.O
Em cada onda do mar habita
Um sentimento sem razão
Que o vão da praia regurgita
Para reter sua vazão.
.
Vou sacudir meus pavimentos
E todas ondas que habitei
Irão ruir sem movimentos
Por cada grito que calei
.
E em tudo existe esta latencia
De alguma coisa propalada
No veu calado da existencia
Pra gente crer que não foi nada.
.
F.T.O
27/12/2009 (E ASSIM SÃO OS CORAÇÕES)
.
E assim são os corações;
Tão desiguais e aparentes
Porque nas mesmas emoções
Têm reações tão diferentes
.
Em um momento desprendido,
Percebe tudo que se passa,
Porém faz coisas sem sentido
Embora crêem que não as faça.
.
E assim são, e apenas são
E isto é tudo que convence
Da gente-lo em si ou não
E não saber se nos pertence
.
F.T.O
E assim são os corações;
Tão desiguais e aparentes
Porque nas mesmas emoções
Têm reações tão diferentes
.
Em um momento desprendido,
Percebe tudo que se passa,
Porém faz coisas sem sentido
Embora crêem que não as faça.
.
E assim são, e apenas são
E isto é tudo que convence
Da gente-lo em si ou não
E não saber se nos pertence
.
F.T.O
28/12/2009 (CONFIDÊNCIA)
.
Existe em mim o que não conto
Ponto e virgulas que criei
Para fingir que estive pronto
Ou que enfim me preparei.
.
São pontos vagos ou calados
Virgulas perdidas no papel
Onde deixei mal anotados,
Fichas vendidas a granel.
.
Falar de mim é quase igual
A referir-se a coisa alguma
Não tem sentido e como tal
O nada é tudo que a resuma.
.
F.T.O
Existe em mim o que não conto
Ponto e virgulas que criei
Para fingir que estive pronto
Ou que enfim me preparei.
.
São pontos vagos ou calados
Virgulas perdidas no papel
Onde deixei mal anotados,
Fichas vendidas a granel.
.
Falar de mim é quase igual
A referir-se a coisa alguma
Não tem sentido e como tal
O nada é tudo que a resuma.
.
F.T.O
29/12/2009 (E A GENTE É MESMO DIFERENTE)
.
...e a gente é mesmo diferente
Pois em momentos desiguais,
Fazemos coisas comumente
Que outros já não fazem mais.
.
Quando percebo que me olhas
Buscando tudo em nada ver
Sinto-me um livro que desfolhas
Porque só tu o sabes ler.
.
Então daquilo que sabemos
Tão pouca coisa se contrasta
Porque nós dois apenas lemos
O livro do outro e isto basta.
.
F.T.O
...e a gente é mesmo diferente
Pois em momentos desiguais,
Fazemos coisas comumente
Que outros já não fazem mais.
.
Quando percebo que me olhas
Buscando tudo em nada ver
Sinto-me um livro que desfolhas
Porque só tu o sabes ler.
.
Então daquilo que sabemos
Tão pouca coisa se contrasta
Porque nós dois apenas lemos
O livro do outro e isto basta.
.
F.T.O
30/12/2009 (AS SOMBRAS FALAM NO ESCURO)
.
As sombras falam pelo escuro
Esta é a voz que a noite tem...
Vem de um silêncio quase puro
Pois sai da boca de ninguém.
.
É uma voz confusa e rouca
Tão absurda de se ouvir
Porque o silêncio fere a boca
Quando alguém quer repetir.
.
Escuto a noite, e ela diz
Numa frequencia quase morta
Meu verso mudo e infeliz
Jamais escrito e pouco importa.
.
F.T.O
As sombras falam pelo escuro
Esta é a voz que a noite tem...
Vem de um silêncio quase puro
Pois sai da boca de ninguém.
.
É uma voz confusa e rouca
Tão absurda de se ouvir
Porque o silêncio fere a boca
Quando alguém quer repetir.
.
Escuto a noite, e ela diz
Numa frequencia quase morta
Meu verso mudo e infeliz
Jamais escrito e pouco importa.
.
F.T.O
31/12/2009 (NUVENS CARREGADAS)
.
...e assim as nuvens carregadas
Vêm perturbar os meus sentidos
Me acordando às madrugadas
Em meio aos sonhos repetidos
.
E tudo o que vejo é simplesmente
Uma ranhura que aproxima
O que eu não vejo plenamente
Sinta na pele e o não exprima
.
E o inexprimível é como ter
Alguma coisa que equivale
Ao ter um nada pra dizer
Quando enfim tudo se cale.
.
F.T.O
...e assim as nuvens carregadas
Vêm perturbar os meus sentidos
Me acordando às madrugadas
Em meio aos sonhos repetidos
.
E tudo o que vejo é simplesmente
Uma ranhura que aproxima
O que eu não vejo plenamente
Sinta na pele e o não exprima
.
E o inexprimível é como ter
Alguma coisa que equivale
Ao ter um nada pra dizer
Quando enfim tudo se cale.
.
F.T.O
01/01/2010 (TE PROCUREI)
.
De procurar-te e sempre e tanto
A minha vontade transformou-se
Em um silencio mudo e branco
Ou algo igual que assim o fosse.
Eu te busquei em noite escura
E pelas auroras mais tardias
Que descobri que na procura
Estava o rumo aonde ias.
.
E te busquei em meio a gestos
Em mar revolto, embarcação,
Pra descobrir em ti meus restos
E encontrar em mim razão.
.
F.T.O
De procurar-te e sempre e tanto
A minha vontade transformou-se
Em um silencio mudo e branco
Ou algo igual que assim o fosse.
Eu te busquei em noite escura
E pelas auroras mais tardias
Que descobri que na procura
Estava o rumo aonde ias.
.
E te busquei em meio a gestos
Em mar revolto, embarcação,
Pra descobrir em ti meus restos
E encontrar em mim razão.
.
F.T.O
02/01/2010
.
Eu me sinto às vezes tão igual
A um deserto, a um cercado,
Ou aos mourões de um curral
Que prendem a si e não ao gado.
.
Porém não sei se realmente,
Algo de gado há em nós
Apenas sei que há na gente
Um matadouro, um algoz.
.
E isto é igual a um vasilhame
Que reterá ou não se perca
Esta couraça de arame
Que transformou-nos numa cerca
.
F.T.O
Eu me sinto às vezes tão igual
A um deserto, a um cercado,
Ou aos mourões de um curral
Que prendem a si e não ao gado.
.
Porém não sei se realmente,
Algo de gado há em nós
Apenas sei que há na gente
Um matadouro, um algoz.
.
E isto é igual a um vasilhame
Que reterá ou não se perca
Esta couraça de arame
Que transformou-nos numa cerca
.
F.T.O
03/01/2010 (A MÃO DA TARDE CINZELA)
.
E a mão da tarde cinzela
Em sua vil lucidez
A imagem que é vista por ela
Ou que por ela se fez.
.
É uma visão que se cria
Ou que apenas adorna
O que o objeto seria
E aquilo que ele se torna
.
Assim a arte se espalha
Em uma estranha estrutura
E a mão da tarde que a entalha
Faz parte da escultura.
.
F.T.O
E a mão da tarde cinzela
Em sua vil lucidez
A imagem que é vista por ela
Ou que por ela se fez.
.
É uma visão que se cria
Ou que apenas adorna
O que o objeto seria
E aquilo que ele se torna
.
Assim a arte se espalha
Em uma estranha estrutura
E a mão da tarde que a entalha
Faz parte da escultura.
.
F.T.O
04/01/2010 (...AOS VELHOS CANHÕES)
.
As sombras caíram no ocaso
Do dia que já passou
Num vôo tão curto e tão raso,
E que tão pouco perdurou.
.
E a nau perdida em um ponto
Singrando por alheias sagas
Viraram apenas um conto
Relido nas horas vagas.
.
Mas o meu coração inexplorado,
Alenta aos velhos canhões
Com um conto apenas contado
No encontro de corações.
.
F.T.O
As sombras caíram no ocaso
Do dia que já passou
Num vôo tão curto e tão raso,
E que tão pouco perdurou.
.
E a nau perdida em um ponto
Singrando por alheias sagas
Viraram apenas um conto
Relido nas horas vagas.
.
Mas o meu coração inexplorado,
Alenta aos velhos canhões
Com um conto apenas contado
No encontro de corações.
.
F.T.O
05/01/2010 (HIALINO)
.
A névoa na tarde, à toa,
Tinge as casas de marfim
Só pra eu saber que nevoa
Ou apenas vê-la assim.
.
E ao vê-la não defino
O lugar pra onde vai
Nem me vejo ou imagino
Nessa nevoa quando cai.
.
E assim me faço retraído
Por sabê-la em demasia
Neste rastro esquecido
E onde antes nada havia.
.
F.T.O
A névoa na tarde, à toa,
Tinge as casas de marfim
Só pra eu saber que nevoa
Ou apenas vê-la assim.
.
E ao vê-la não defino
O lugar pra onde vai
Nem me vejo ou imagino
Nessa nevoa quando cai.
.
E assim me faço retraído
Por sabê-la em demasia
Neste rastro esquecido
E onde antes nada havia.
.
F.T.O
06/01/2010 (LONGITUDINAL)
.
O entardecer é uma promessa
De que o dia continua
De que ele sempre recomeça
E outras vezes nem recua
.
E cada instante é uma prova
É uma sorte que nos brinda
Com a profusão que se renova
E cujo fim não veio, ainda.
.
E como a luz que se radica
Na flor do orvalho refletida
Tudo que vai apenas fica
Na eterna ausência repetida.
.
F.T.O
O entardecer é uma promessa
De que o dia continua
De que ele sempre recomeça
E outras vezes nem recua
.
E cada instante é uma prova
É uma sorte que nos brinda
Com a profusão que se renova
E cujo fim não veio, ainda.
.
E como a luz que se radica
Na flor do orvalho refletida
Tudo que vai apenas fica
Na eterna ausência repetida.
.
F.T.O
07/01/2010 ( E ASSIM RESSURGE...)
.
E assim ressurge a madrugada,
(Velho rabisco que mantenho
De alguma forma ordenada
N'algum esboço de desenho).
.
E assim se esvai a escuridão
Nenhum desenho a mantém
Os homens nunca a lembrarão
E ela existe pra ninguém.
.
E assim ressurge o dia claro
A vida toda é como um vicio
Como um perfume nobre e raro
Que não permite desperdício.
.
F.T.O
E assim ressurge a madrugada,
(Velho rabisco que mantenho
De alguma forma ordenada
N'algum esboço de desenho).
.
E assim se esvai a escuridão
Nenhum desenho a mantém
Os homens nunca a lembrarão
E ela existe pra ninguém.
.
E assim ressurge o dia claro
A vida toda é como um vicio
Como um perfume nobre e raro
Que não permite desperdício.
.
F.T.O
08/01/2010 ( AS CALÇADAS FRIAS ONDE PASSO)
.
As calçadas frias onde passo
Fazem lembrar a prateleira
Da casa velha, sem terrarço,
Onde vivi a vida inteira.
.
Água escorrendo no telhado,
E um chumaço de jornais
Num velho canto abandonado
Sobre um arranjo de corais.
.
Depois de tanto, agora sei,
A consonância de meus dias
É de jornais que não lerei
E de calçadas sempre frias.
.
F.T.O
As calçadas frias onde passo
Fazem lembrar a prateleira
Da casa velha, sem terrarço,
Onde vivi a vida inteira.
.
Água escorrendo no telhado,
E um chumaço de jornais
Num velho canto abandonado
Sobre um arranjo de corais.
.
Depois de tanto, agora sei,
A consonância de meus dias
É de jornais que não lerei
E de calçadas sempre frias.
.
F.T.O
09/01/2010
.
Todas as coisas que eu te disse
Ainda soam por interiras
Como se o tempo se incumbisse
De não torna-las verdadeiras.
.
Pois todas elas são revistas
Entre o ver e o ocultar
Entre as pegadas e as pistas
Do que eu sinto sem falar.
.
A nossa vida é uma cortina
Um candelabro na janela,
Chama que mata a parafina
Para extrair o fogo dela.
.
F.T.O
Todas as coisas que eu te disse
Ainda soam por interiras
Como se o tempo se incumbisse
De não torna-las verdadeiras.
.
Pois todas elas são revistas
Entre o ver e o ocultar
Entre as pegadas e as pistas
Do que eu sinto sem falar.
.
A nossa vida é uma cortina
Um candelabro na janela,
Chama que mata a parafina
Para extrair o fogo dela.
.
F.T.O
10/01/2010 (EU DESAPRENDO O QUE É SENTIR)
.
Eu desaprendo o que é sentir
E ainda não sei reaprender
Tudo o que sou é o transmitir
Daquilo que não sei dizer.
.
Cometo erros francamente
Que se um outro os conhecesse
Veria a mim completamente
Como se o erro o descrevesse.
.
E tudo que sei ou que senti,
Além das coisas repetidas,
Estão as falhas que esqueci
E ainda não foram cometidas.
.
F.T.O
Eu desaprendo o que é sentir
E ainda não sei reaprender
Tudo o que sou é o transmitir
Daquilo que não sei dizer.
.
Cometo erros francamente
Que se um outro os conhecesse
Veria a mim completamente
Como se o erro o descrevesse.
.
E tudo que sei ou que senti,
Além das coisas repetidas,
Estão as falhas que esqueci
E ainda não foram cometidas.
.
F.T.O
11/01/2010 (POR MAIS QUE A NOITE SE AQUIETE)
Por mais que a noite se aquiete
Eu busco ao dia que agite
Ao que me falta ou complete
Ao que em mim é limite...
.
...No descompasso mais largo
Verei ao sol por se por...
Velho, azedo ou amargo
Tão decadente e sem cor.
.
Por mais que a noite me tente
Inda serei como louco
Que tenta ser ou invente
Ao nada além de ser pouco.
Eu busco ao dia que agite
Ao que me falta ou complete
Ao que em mim é limite...
.
...No descompasso mais largo
Verei ao sol por se por...
Velho, azedo ou amargo
Tão decadente e sem cor.
.
Por mais que a noite me tente
Inda serei como louco
Que tenta ser ou invente
Ao nada além de ser pouco.
12/01/2010 (ALGUMA ESTRELA)
ALGUMA ESTRELA
.
E sei, alguma estrela se esconde,
.
E sei, alguma estrela se esconde,
No fundo falso do que sou
E ela é tão igual ou coresponde
Ao que em mim jamais mudou.
.
É o lado oposto, é o contraponto
Da pedra nunca cinzelada
É o meio termo do confronto
Entre ser algo em sendo nada.
.
E nesta estrela se reflete
Como na vidraça umedecida
A velha imagem que repete
Que se perdeu em minha vida.
..
F.T.Oliveira
13/01/2010 (A CHUVA CAINDO NO LAGO)
.A chuva caindo no lago
Diz, de modo diferente,
Que ondas, em mim, as trago
Por não tê-las realmente.
.
Ele me fere com a adaga
Em cortina transformada
De indiferente e vaga
Grafada sobre o meu nome.
De indiferente e vaga
Grafada sobre o meu nome.
.
E embora eu pouco o diga
Essa dor me leva a crer
Que enfim é a mão amiga
Que enfim é a mão amiga
Que me ensina em meu doer.
14/01/2010 (IMPONDERÁVEL)
I
.
Quem sou eu? - Somente sabe
Ou simplesmente imagina
Que minha alma já não não cabe
Nesta janela da retina.
.
Quem somos nós? Assim define
O instante vindo logo após
De quando alguém se imagine
"Não somos um, nós somos nós".
.
Aonde irei? Não sei se posso
Falar de algo visto em mim
Seja o que seja - qualquer troço
Disto que fui ao "ser assim"
.
II
.
De longe, na praia deserta,
Cuja areia é branca e fria,
.
Quem sou eu? - Somente sabe
Ou simplesmente imagina
Que minha alma já não não cabe
Nesta janela da retina.
.
Quem somos nós? Assim define
O instante vindo logo após
De quando alguém se imagine
"Não somos um, nós somos nós".
.
Aonde irei? Não sei se posso
Falar de algo visto em mim
Seja o que seja - qualquer troço
Disto que fui ao "ser assim"
.
II
.
De longe, na praia deserta,
Cuja areia é branca e fria,
Vive a ilha recoberta
De tormentos e magia.
.
E na distância, adormecida,
Nos silêncios cambaleia
A maré mais esquecida
Em seus sonhos de areia.
.
Mas o mar distante vê
Neste mundo em desalento
Que os mundos que ele crê
São tragados pelo vento.
De tormentos e magia.
.
E na distância, adormecida,
Nos silêncios cambaleia
A maré mais esquecida
Em seus sonhos de areia.
.
Mas o mar distante vê
Neste mundo em desalento
Que os mundos que ele crê
São tragados pelo vento.
15/01/2010 (A ESTRADA ESCONDE)
A estrada esconde fora
.
O caminho que vai dentro
Confundindo a quem explora
E afastá-lo de seu centro.
E o seguir-se se traduz
Em não crer que tanto faz
Que um rumo se conduz
Ao porvir do "algo mais"
Em não crer que tanto faz
Que um rumo se conduz
Ao porvir do "algo mais"
.
E assim morre na estrada
Tudo quanto se empregue
Por não vê-la abandonada,
Por fiar-se em quem a segue.
16/01/2010 (O OLHO D'ÁGUA)
O olho d´água reflete
A cara magra da lua
Ou somente se repete
A imagem que é sua.
.
Que tão vaga distancia
Do que não se reconhece
Pois reflete a nostalgia
Sem saber com que parece.
.
"Tudo que mata conforta"
E a imagem, sendo mágoas,
Desconhece que é morta
Na dor profunda das águas.
17/01/2010 (FINA CAMADA)
A fina camada de veludo
De meus sentidos se constrói
Do pouco que sou e de tudo
Que sinto em mim e que dói.
.
E é neste torpe sentimento
Ininterrupto e frequente
Que eu mim experimento
O sentido de estar ausente.
.
E embora me pese encanto
D que em mim se comprova
A dor me dói e dói tanto
Que sempre parece ser nova.
D que em mim se comprova
A dor me dói e dói tanto
Que sempre parece ser nova.
19/01/2010 (NÃO É SÓ...)
Não é só uma lágrima, é mais
É mais que isso, e é somente,
A simples dor que os mortais
Todos a sentem , igualmente..
.
Não é só a dor (ou pelo menos),
No limiar de uma etapa,
Nos sentimentos mais pequenos,
Toda essa dor se nos escapa
Nos sentimentos mais pequenos,
Toda essa dor se nos escapa
.
Não é só isso. e nem é só
Uma tristeza que nos sai
E que nos faz ter muita dó
Da estranha lágrima que cai.
Uma tristeza que nos sai
E que nos faz ter muita dó
Da estranha lágrima que cai.
(DEDUÇÃO) 20/01/2010
..Por entre as curvas, uma curva
Um céu de estrada, desalentos
A imagem minha clara- turva
Estrada é chão de sentimentos.
.
A mim me chamam pelo nome
Um nome estranho para mim
Um céu de estrada, desalentos
A imagem minha clara- turva
Estrada é chão de sentimentos.
.
A mim me chamam pelo nome
Um nome estranho para mim
Uma angústia que tem fome
Um bastião, outo e marfim.
.
Que vou dizer-te, minha cara,
Se a palavra não traduz
O quanto é vaga a coisa rara
E que o outro em n´s deduz.
(O DOCE AMARGO DE VIVER) 21/01/2010
.Meu rosto cala o sofrimento
E o sentimento de perder
Na estrada afora de um momento
O DOCE AMARGO DE VIVER.
.
A vida flui, reflui, Não passa
Do ponto mórbido que agarro
Feito as cortinas de fumaça
Que se espalham de um cigarro.
.
Eu sou assim como este fumo
Uma metade estranha, louca,
A qual me entrego e acostumo
Como a fumaça em minha boca
E o sentimento de perder
Na estrada afora de um momento
O DOCE AMARGO DE VIVER.
.
A vida flui, reflui, Não passa
Do ponto mórbido que agarro
Feito as cortinas de fumaça
Que se espalham de um cigarro.
.
Eu sou assim como este fumo
Uma metade estranha, louca,
A qual me entrego e acostumo
Como a fumaça em minha boca
(HABITUAL) 22/01/2010
.HABITUAL
.
Um rosto. Silêncio! Um rosto
Na pálida luz de uma lua
Denota a dor e o desgosto
Em uma dor que não é sua.
.
Contrai-se e, alguma alusão,
Do que dissimula ou reflete
Transforma as coisas que são
Em outas que nele repete.
.
Contrai-se a humana criatura
Como se o mundo ali cavasse
A sua própria sepultura
Na dor contida em sua face.
.
Um rosto. Silêncio! Um rosto
Na pálida luz de uma lua
Denota a dor e o desgosto
Em uma dor que não é sua.
.
Contrai-se e, alguma alusão,
Do que dissimula ou reflete
Transforma as coisas que são
Em outas que nele repete.
.
Contrai-se a humana criatura
Como se o mundo ali cavasse
A sua própria sepultura
Na dor contida em sua face.
(SOU EU O PÓ) 23/01/2010
.SOU EU O PÓ
.
Sou eu o pó que o vento leva
Da umidade que ainda vive
Tão ancestral e tão longeva
No antepassado que não tive.
.
Toda tristeza vem-me aos olhos
Quando o passado os retrai
Como sargaços e abrolhos,
Em uma lagrima que cai.
.
Eu sou o pó e quem me olha
Por nada ver se entretém
Não vê a lagrima que molha
Nem vê aquela que não vem
.
II
.
Eu não conheço a atitude
Apenas sei que inexiste
E enquanto eu jamais a mude
Ele está no que consiste
.
Não é a lágrima que rola
Não é o modo de se vê-la
Mas a intenção que se izola
Ao ver um céu em cada estrela
.
É impossivel não mudar
Não ser passado nem presente
Sair de cena, não voltar,
Estar em cada coisa ausente.
.
II
.
Sou eu o pó, uma poeira
Que a mão do vento subtrai
Minha metade quase inteira
Na noite íngreme que cai.
.
Direi a quem não me conhece
Que nunca fui reconhecido
Sou como a coisa que se esquece
Por não conter nenhum sentido.
.
Sou eu os cantos da estrada
Cantos que todos pisarão
E levarão na caminhada
Toda a lembrança do que são.
.
Sou eu o pó que o vento leva
Da umidade que ainda vive
Tão ancestral e tão longeva
No antepassado que não tive.
.
Toda tristeza vem-me aos olhos
Quando o passado os retrai
Como sargaços e abrolhos,
Em uma lagrima que cai.
.
Eu sou o pó e quem me olha
Por nada ver se entretém
Não vê a lagrima que molha
Nem vê aquela que não vem
.
II
.
Eu não conheço a atitude
Apenas sei que inexiste
E enquanto eu jamais a mude
Ele está no que consiste
.
Não é a lágrima que rola
Não é o modo de se vê-la
Mas a intenção que se izola
Ao ver um céu em cada estrela
.
É impossivel não mudar
Não ser passado nem presente
Sair de cena, não voltar,
Estar em cada coisa ausente.
.
II
.
Sou eu o pó, uma poeira
Que a mão do vento subtrai
Minha metade quase inteira
Na noite íngreme que cai.
.
Direi a quem não me conhece
Que nunca fui reconhecido
Sou como a coisa que se esquece
Por não conter nenhum sentido.
.
Sou eu os cantos da estrada
Cantos que todos pisarão
E levarão na caminhada
Toda a lembrança do que são.
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